Impostômetro

16 de junho de 2013

Cultivos alimentares para agricultura familiar: produção orgânica e manejo.

Agricultura Familiar e Indígena
Unidade líder: Embrapa Roraima
 
Em Roraima a agricultura familiar tem sua estrutura produtiva concentrada, em sua maior parte, em áreas de floresta alterada. Áreas nesta condição, no Estado, abrangem 600 mil hectares. Nas características fundamentais, das unidades familiares de produção agrícola, inseridas neste contexto estão incluídos: baixo nível de escolaridade; acesso restrito a capital para investimentos; pouco conhecimento das tecnologias de produção e pouca capacidade para gestão e comercialização (Embrapa, 2005). A agricultura praticada nestes agroecossistemas fundamenta-se, sobretudo, no ciclo temporário de culturas anuais (milho, feijão, mandioca e arroz), e o traço marcante deste modelo de exploração é a baixa sustentabilidade econômica e ambiental das atividades. Questões emergentes, relacionadas com o padrão de desenvolvimento do setor produtivo na região Amazônica, apontam a necessidade de mudança nos padrões vigentes. Nesta perspectiva, a reorientação para o desenvolvimento em bases sustentáveis, pressupõe ações que impulsionem os investimentos em tecnologias inovadoras, que possibilitem qualidade, competitividade e sustentabilidade dos recursos naturais renováveis. Espera-se que os planos traçados, para este direcionamento, promovam a renovação tecnológica das atividades econômicas combinando controle, monitoramento e difusão de tecnologias inovadoras e adaptadas. São esperados, também o desenvolvimento e a implantação de novas atividades de valor econômico e elevada sustentabilidade ambiental, nos quais a Amazônia tem elementos diferenciadores das demais regiões do país (MIN, 2003). A agricultura orgânica tem ocupado papel de destaque nos debates recentes das inovações tecnológicas direcionadas para o manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis. A viabilidade da mudança de padrão tecnológico da produção familiar tem forte aderência com a utilização dos princípios da agroecologia. Isto decorre, em parte, pela estrutura de produção diversificada que marca as atividades agrícolas familiares e que assegura bom nível de complexidade para esta abordagem (Assis, 2006). Em Roraima desde 2005, sob a coordenação do SEBRAE/RR, teve início o projeto Horticultura Orgânica, com objetivo de promover a produção orgânica de frutas e hortaliças, em áreas situadas no entorno da capital Boa Vista. Atualmente o projeto assiste dezessete agricultores, integrados na associação Hortivida, que comercializam a produção em feira semanal no bairro residencial Caçari, em Boa Vista/RR. Esta atividade tem caráter inovador no Estado e alguns problemas têm sido identificados, tais como baixo conhecimento técnico sobre o tema em questão; fragilidade de organização social dos agricultores inseridos no projeto; inexistência de insumos orgânicos no mercado local e carência de assistência técnica. Resultados de pesquisa em agricultura orgânica no Estado são poucos e resultantes de iniciativas de produtores locais. A realização de pesquisas com utilização de insumos orgânicos (diferentes fontes); utilização conjunta de fertilizantes químicos e orgânicos (visando a transição da agricultura convencional para orgânica); utilização de plantas de cobertura do solo (leguminosas); manejo de culturas de interesse econômico (arranjo espacial, rotação e consorciação); avaliação de fontes alternativas de controle de pragas e/ou doenças deverá contribuir para a consolidação da tecnologia da produção orgânica familiar no Estado.

Povos indígenas participam de aula inaugural de curso técnico



A Secretaria de Estado da Educação (Seed) realizou nesta terça-feira (16), a aula inaugural do curso técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio para Povos Indígenas. O curso será oferecido pelo Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia (CEEP) atendendo cerca de 40 alunos representantes das comunidades Kaigang e Guarani de todo o Estado.
A chefe do Departamento de Educação e Trabalho (DET) da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Sandra Regina de Oliveira Garcia, proferiu a aula inaugural, que contou com a participação de Wagner Roberto do Amaral, chefe do Departamento da Diversidade (DEDI). O curso é resultado de uma parceria entre ambos departamentos.
“O Estado do Paraná tem como política de governo as relações com a diversidade e a profissionalização. A criação desse novo curso trará para as comunidades indígenas a oportunidade de aprenderem sobre agricultura orgânica, podendo depois aplicar o conhecimento em suas terras dependendo da especificidade de cada região”, disse a chefe do DET, Sandra Garcia.
Ela aproveitou para informar que o Estado e as comunidades indígenas ganharão um Centro Estadual de Educação Profissional do Paraná. O colégio será construído no município de Manoel Ribas. “O processo já está em licitação e as obras deverão iniciar ainda no primeiro semestre. O colégio deverá ter o curso técnico de enfermagem, curso de artesanato e estamos analisando com eles quais serão as outras possibilidades. A escola irá trabalhar em regime de alternância e irá atender a cada mês cerca de 200 jovens e adultos indígenas”, concluiu.
Para o a chefe do DEDI, Wagner Roberto do Amaral, a intenção é atender a todas as necessidades das terras indígenas. “Portanto, trabalhamos forte e intensamente para que as políticas de educação profissional e as políticas da educação escolar indígena atuem juntas atendendo de maneira firme e atuante todas as comunidades”, disse.
O Curso Técnico em Agropecuária para Comunidade Indígena é inédito no Brasil e será realizado em modalidade de alternância: o estudante permanece na escola, onde recebe parte do aprendizado e retorna às terras indígenas para a aplicação prática dos conhecimentos. Além de conteúdos específicos do curso técnico, será oferecido conhecimento da cultura indígena. O curso terá a duração de 4 anos e será realizado em 12 etapas.
“Mais uma vez, o Governo do Estado demonstra atenção e respeito por nós indígenas. São tantos os benefícios e melhorias que é impossível numerar. Pela primeira vez, tivemos vez, voz e voto. Só temos a agradecer o emprenho e a dedicação para conosco”, disse o cacique Kaingang Neoli Olibio, da aldeia Boa Vista, em Laranjeiras do Sul. 
O cacique Neoli disse que a criação do curso será mais um desafio para os alunos e também para os professores, que vêem e vivem em realidades bem diferentes. “Será a oportunidade de trocar muitas experiências e tenho certeza que ao voltar para suas aldeias estes alunos levarão e aplicarão todo o conhecimento adquirido aqui”.
“Essa oportunidade é muito importante e temos que nos dedicar ao máximo, para que, quando voltarmos às nossas terras, possamos aplicar o que aprendemos, e dessa forma ajudar no desenvolvimento de toda nossa comunidade”, disse o aluno Eugênio Venega, da terra indígena Ocoy, em São Miguel do Iguaçu.
Formação de professores - Este é o segundo curso criado pela Secretaria da Educação para a comunidade indígena. O primeiro foi o de formação de professores, que alias já formou a primeira turma. Ambos os projetos visam atender a necessidade de profissionais capacitados para atuarem nas suas comunidades. A meta é proporcionar alternativas para o ingresso no mercado de trabalho e a melhoria de qualidade de vida nas comunidades indígenas.
O Paraná é o único Estado que oferece aos povos indígenas educação até o ensino médio, além da Fase I da Educação de Jovens e Adultos. Com a preocupação de garantir o direito à escolarização deles, a Secretaria da Educação desenvolve ações que ampliam e aprimoram a educação escolar indígena. As políticas públicas de inclusão permitem não somente o respeito à diversidade, mas também a preservação da cultura do povo indígena. 
Realidade – O Paraná possui atualmente 33 escolas indígenas em 19 municípios. São mais de 3 mil alunos indígenas matriculados. Dos 429 funcionários, 212 são indígenas da própria comunidade. Já foram realizadas mais de 663 horas de formação continuada para professores indígena. 
Desde 2005 foram criadas oito escolas indígenas. Em 2008, houve a entrega de duas unidades novas, uma em Nova Laranjeira e outra em Diamante D’ Oeste.
Também, em parceria com 12 prefeituras, foram feitas reformas e ampliações em 17 escolas indígenas, com recursos do Estado. E está em fase de licitação o processo para a construção de mais 13 novas unidades, resultado de uma parceria entre a Secretaria da Educação e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
As escolas indígenas possuem as salas de apoio à aprendizagem, para a superação da repetência e evasão escolar de alunos indígenas. E todas as escolas da rede estadual nos 399 municípios do Paraná já receberam 10 mil exemplares do Caderno Temático da Educação Escolar Indígena. O Paraná tem uma população indígena estimada em 13 mil pessoas.