Impostômetro

26 de março de 2013

Agricultura orgânica ajuda a mudar a vida famílias de baixa renda no Piauí


 


Piauí já o terceiro em unidades controladas de produção de orgânicos. 
Cultivo é a esperança de geração de renda para milhares de famílias.

Pedro SantiagoDo G1 PI
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Miniatura do projeto Pais no Piauí (Foto:  Carlos Augusto F. Lima)Miniatura do projeto Pais no Piauí (Foto: Carlos Augusto F. Lima)

Robson Santos, à direita, explica o Pais durante a feira do empreendedor (Foto:  Carlos Augusto F. Lima)Robson Santos, à direita, explica o Pais durante a feira do empreendedor (Foto: Carlos Augusto F. Lima)

Agricultura Orgânica, processo produtivo no qual não é permitido o uso de substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente, tem se tornado uma boa opção para os agricultores piauienses que cultivam o solo unicamente para subsistência.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgados no mês de julho sobre a produção de orgânicos no país, a participação do Piauí ainda é tímida em relação à área plantada, mas, quando falamos em unidades controladas, o estado figura entre os três primeiros do Brasil. O estudo se refere à produção por estado, área de produção e extrativismo e unidades controladas.
Grande parte desse resultado se deve a ação do projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais). Uma iniciativa do serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas (Sebrae), Fundação Banco do Brasil, Ministério da Integração Nacional e Prefeituras.
De acordo com Robson Santos, gestor do Projeto do Sebrae no Piauí, o Pais é uma tecnologia social que visa apoiar e financiar a implantação de hortas em formato circular em pequenas propriedades rurais, sem o uso de agrotóxicos ou adubos químicos, e seguindo os princípios agroecológicos de produção sustentável.
“O Pais é um sistema simples de produção em um pequeno terreno de 50 por 50 metros, no qual estão integrados o cultivo de hortaliças, fruticultura e a criação de pequenos animais”, explica Robson.
Esse projeto já instalou mais de 420 unidades em 33 municípios em todo o Piauí. Cada horta cultiva entre 10 e 15 tipos de hortaliças. Uma forma de agricultura que serve tanto para a subsistência quanto para a geração de renda familiar.
Casos de sucesso
O município de Esperantina é um caso de sucesso de implantação do Pais. Já são mais de 30 famílias trabalhando com orgânicos. Bernardo Amorim é um desses agricultores. Ele conta que as famílias se juntaram para criar uma feira apenas com produtos orgânicos.
“Nós vendemos nossas hortaliças, frutas, mel, animais de pequeno porte e artesanato. Tudo na nossa feira é naturalmente produzido”, conta Bernardo. Segundo ele, com o trabalho desenvolvido, cada família vem conseguindo, em média, uma renda de mais de R$ 600.
A cidade de Barras também colhe bons resultados. Renato Ferreira da Costa, agricultor orgânico no município, afirma que o cultivo de produtos naturais mudou a vida de muitas famílias da região. “Agora temos o que comer e o que vender. Podemos comprar uma roupa, um calçado melhor para a família. As pessoas vêm comprando nossas hortaliças cada vez mais ao criar consciência da qualidade dos nossos produtos. A gente acredita que vai melhorar ainda mais”, diz.
De acordo com Robson Santos, gestor do PAIS no Piauí, a tendência é que os produtores se organizem cada vez mais, refinando sua produção e se adequando as exigências das grande lojas de varejo.
“Estamos ministrando cursos de como acondicionar e embalar os produtos. As hortaliças vendidas em porções menores são mais caras. Eles estão entendendo isso e se preparando para chegar às prateleiras dos mercados e supermercados”, conta.
Horta Urbana
Uma prova da força que os a agricultura orgânica vem ganhando está nas hortas comunitárias urbanas de Teresina. Atualmente são mais de 3 mil e 200 famílias atuando nas mais de 40 hortas comunitárias, com destaque para o cinturão verde de mais de cinco quilômetros, situado no Bairro Dirceu Arcoverde, a maior horta urbana da América Latina.
Apesar dos números expressivos, as hortas de Teresina não podem ser chamadas de agricultura orgânica, pois utilizam alguns insumos industrializados. Entretanto, segundo Judivan Vieira, diretor de extensão rural da Secretaria Municipal de Agricultura de Teresina, a utilização de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos não deve durar muito. O município foi contemplado com um edital do Ministério do Desenvolvimento social que prevê a conversão de mais de mil famílias para agricultura orgânica.
“Nós aprovamos um projeto de mais de R$ 1 milhão e 200 mil que vai beneficiar 1322 famílias. O recurso será utilizado para insumo, matérias, certificação, capacitação e orientação em produção orgânica. A intenção é concluir projeto em um ano”, explica.
Ainda de acordo com Judivan, o objetivo da Prefeitura de Teresina é transformar, em orgânicos, todas as hortas urbanas da cidade em no máximo três anos.
Piauí
A agricultura orgânica vem sendo implantado em todas as regiões do Piauí. Existe registro de projetos nas regiões de Picos, São Raimundo Nonato, Bom Jesus e Luís Correia.
Um fato que pode impulsionar ainda mais o cultivo de orgânicos no estado é a finalização dos do Perímetro Irrigado dos Tabuleiros Litorâneos, localizado em Parnaíba e Buriti dos Lopes. “Após a conclusão do projeto, o perímetro será a maior área contínua plantada com frutas orgânicas do Brasil”, afirma o gerente executivo do Distrito de Irrigação, Francisco Suassuna de Alencar Neto.

Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde : Parte I – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde

Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde : Parte I – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde 

leia o documento atraves do link:

fonte: Blog Agricultura Orgânica

19 de março de 2013

Programa Bancos Comunitários de Sementes é lançado no Acre

Duzentos agricultores receberão 10 quilos de sementes de mucuna preta para plantio em áreas degradadas
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60 produtores já têm certificação que os habilita a comercializar produtos (Foto: Angela Peres/Secom)
Duzentos agricultores dos municípios de Rio Branco, Plácido de Castro e Bujari começam a receber ainda esta semana sementes de mucuna preta como parte da execução de uma das fases do programa Bancos Comunitários de Sementes, lançado nesta manhã no auditório da superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Acre. Cada um dos produtores ou associação de produtores de agricultura orgânica previamente selecionados receberá 10 quilos de sementes para plantio em áreas degradadas ou no incremento dos solos em processo de recuperação. O programa prevê a distribuição de três espécies de sementes, mas o Acre foi contemplado com a mucuna preta por ser a mais indicada para as áreas a serem trabalhadas. O ciclo da semente é de oito meses. A previsão de colheita é entre os meses de maio e junho de 2009, quando os agricultores deverão devolver a mesma quantidade de semente recebida.
Paralelamente à distribuição de sementes, a superintendência do Mapa e instituições parceiras, entre elas o Governo do Estado, por meio da Seaprof e Idaf, Prefeitura de Rio Branco, Crea, Embrapa e Comissão de Agricultura Orgânica (CPORG), desenvolvem cursos de treinamento para os produtores dos pólos Geraldo Mesquita, Benfica, Wilson Pinheiro e ribeirinhos do Moreno Maia. A previsão é de capacitar os agricultores dos projetos inscritos, bem como oferecer acompanhamento técnico durante todas as fases do programa.
"A intenção é criar uma cadeia que visa estimular cada vez mais produtores a adotarem essa prática", explica o superintendente do Mapa, Jorge Luiz Hessel. Ao devolver os dez quilos de mucuna preta recebidos, os agricultores contribuem com a efetivação de um banco de sementes que irá distribuir o excedente a outros produtores.
Mais saúde - Um grupo de 40 pessoas expõe o resultado do processo de adoção da agricultura orgânica no Acre todos os sábados em um feira em frente ao Terminal Urbano de Rio Branco. A população pode comprar ali frutas, verduras, legumes e até queijos e doces produzidos a partir da adubagem verde, que inclui, além do uso da mucuna, composto orgânico e biofertilizantes.
Cerca de 60 produtores já têm a certificação que os habilita a comercializar produtos cultivados sem adubos químicos. O número é incipiente, segundo a coordenadora da Comissão de Agricultura Orgânica do Acre, Maria Rosângela Barbosa, que afirma que em todo o Estado cerca de 5 mil produtores foram capacitados com cursos, palestras e em dias de campo sobre o tema.
"No início é realmente muito trabalhosa a implantação desse sistema, o resultado não é rápido e isso pode ser um dos motivos pelos quais os agricultores não aderem imediatamente", afirma Rosângela Barbosa. Ela acrescenta que uma das grandes vantagens da adubagem verde é um solo mais enriquecido e o fator saúde gerado pelo consumo e produção de alimentos sem compostos químicos.

fonte: "http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6176&Itemid=41". 

13 de março de 2013

Melancia !

Melancia
Originária da África Tropical, a melancia (Citrullus lanatus L.) tem a forma selvagem encontrada em muitas regiões de clima tropical e subtropical, sendo o fruto redondo e pequeno. A espécie pertence a família das curcubitáceas, assim como a abóbora, moranga, pepino, chuchu e melão. É uma planta rasteira, com folhas grandes e flores pequenas, de cor amarela. O fruto é arredondado ou alongado, com tamanho variável entre 25 e 75cm. A casca é lisa, lustrosa, verde clara ou verde escura, com estrias de um verde mais forte no sentido do comprimento (Figura 1). A planta tem caule rasteiro e ramificado. As folhas são ovais, subdivididas em três lobos, apresentando estruturas em espiral, presas ao caule, denominadas "gavinhas". A polpa é abundante com cor que varia de branco-rósea, amarelada, avermelhada ou purpúrea, com as sementes avermelhadas ou pretas. Há uma variedade de melancia, conhecida como melancia japonesa ou kodama, que tem polpa amarela.
Figura 1. Hortaliça-fruto: melancia
Propriedades nutricionais e terapêuticas: Embora constituída em sua maior parte de água, com pouquíssimas calorias (25 a 30 kcal em 100g), a melancia é nutritiva, pois fornece vitaminas A e C, e sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro e potássio. A melancia, assim como o melão, têm alto teor de biovlafonóides, carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o câncer e outras doenças. A melancia contém licopeno, um carotenoide que parece reduzir o risco de câncer de próstata. Em geral, a melancia é consumida ao natural, como sobremesa, principalmente no verão. Com sua polpa é possível fazer um excelente suco. Tem propriedades hidratantes (contém cerca de 90% de água). Essa polpa é, também, bastante aquosa, sendo a proporção de água ainda superior à dos melões. Em situações de extremo calor, nada melhor do que uma melancia fresca para repor os líquidos perdidos pela transpiração. Sem dúvida nenhuma, esta é a melhor ocasião e maneira de saboreá-la. Por esse motivo, a melancia é uma das frutas mais refrescantes existentes, superando o melão, por ser menos indigesta. As sementes da melancia são um alimento de grande valor, pois contêm muitos sais minerais, vitaminas, óleos essenciais e proteínas, que são muito importantes para o organismo das pessoas. Sementes cruas e secas, depois de moídas e peneiradas, formam um pó que pode ser misturado a alimentos como massas, sopas, bolos, biscoitos e cuscuzes. O chá das sementes da melancia, secas e trituradas, ajuda no tratamento da pressão alta. O suco, feito com a polpa da melancia, é muito bom, pois elimina o ácido úrico, causador da gota e impede a formação de pedras nos rins; limpa o estômago e os intestinos; ajuda a controlar a pressão alta; diminui a acidez do estômago, conhecida como queima ou azia; ajuda no tratamento da inflamação das vias urinárias; elimina gases e dores intestinais; ajuda no tratamento da bronquite crônica; ajuda no tratamento do reumatismo e da artrite (inflamação nas articulações ou juntas). Para tratar a erisipela (inflamação aguda da pele), deve-se aplicar suco da polpa e da casca da melancia sobre a parte afetada, como cataplasma. A hortaliça ainda permite exercitar a criatividade, conforme pode ser visto nas Figuras 2 e 3.
Figura 2. Arte culinária, utilizando a melancia
Figura 3. Arte culinária, utilizando a melancia
Cultivo: A melancia, como todas as espécies que pertencem a família das cucurbitáceas, não gosta do clima frio, por isso produz melhor no calor e com bastante luz. Agosto e setembro são os meses aconselhados para o plantio no litoral; o ideal é observar a temperatura da região, pois a semente não germina em temperatura inferior a 18ºC.  Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel (ver na matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer) ou bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estão protegidas.. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. A melancia, embora possa ser produzida em vários tipos de solos, desenvolve-se melhor em solos de textura média, arenosos, profundos, bem drenados e férteis. Deve-se evitar os solos argilosos por serem muito compactados, principalmente nas épocas de seca. Preparo do solo: No Rio Grande do Sul, a melancia é cultivada em solos arenosos, onde o sistema de preparo convencional com aração e gradagens, é o mais usado. O preparo convencional do solo favorece a perda de umidade, tendo em vista que a cultura da melancia não forma um dossel vegetativo capaz de cobrir inteiramente o solo. O solo deve ser preparado com cerca de 2 meses de antecedência com uma aração (apenas superficial) e gradeação, deixando-se alguns torrões de terra para dar sustentação à planta. Em área com boa topografia, deve-se fazer sulcos em duas direções, formando um xadrez; já em terrenos acidentados recomenda-se fazer os sulcos em apenas uma direção, evitando-se, assim, a erosão. O sistema de Plantio Direto ou Semeadura Direta que consiste na manutenção da palha e restos vegetais sobre a superfície do solo, também é recomendado no cultivo de melancia; neste caso, a mobilização do solo ocorre apenas no sulco onde são distribuídas as sementes ou mudas e o adubo orgânico. No Rio Grande do Sul, a principal espécie usada como planta de cobertura no período de inverno é a aveia-preta, devido as seguintes características: rusticidade, a capacidade de perfilhamento, a resistência às pragas e doenças, rapidez na formação da cobertura do solo e a elevada produção de fitomassa, mesmo nos solos pobres em fertilidade, bem como a tolerância à seca, em vista do sistema radicular bastante desenvolvido, eficiência na ciclagem de nutrientes, baixa taxa de decomposição dos resíduos e o elevado efeito alelopático sobre muitas invasoras. Cultivares e híbridos: Os cultivos comerciais de melancia no Brasil são com cultivares de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições edafoclimáticas. No entanto, deve-se considerar que entre estas, a mais plantada é a cultivar Crimson Sweet e tipos semelhantes, que é de origem americana, respondendo praticamente por mais de 90% do fornecimento ao mercado consumidor. A indústria de sementes tem, nos últimos anos, se dedicado ao desenvolvimento de híbridos de melancia, por causa do seu maior retorno comercial aos programas de melhoramento, o que pode ser verificado pelo grande número de cultivares lançadas em todo o mundo tais como: Jetstream, Madera, Starbrite, TopGun entre outros. Os híbridos, cujas sementes são mais caras, geralmente possuem maior precocidade, produtividade e maior uniformidade. Mais recentemente, estão surgindo as melancias sem sementes como os híbridos Tiffany e Shadow; o alto custo das sementes é um fator limitante. Embora os híbridos sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimson Sweet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtido pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara. Os frutos da cultivar Crimson Sweet tem formato arredondado, casca clara com estrias verde-escuro, polpa vermelho intenso muito doce, sendo os frutos de tamanhos médio e grande. Espaçamento:  As covas devem ter no máximo 3 cm de profundidade, no espaçamento de 2 x 2 metros para as variedades japonesas e, de 2 x 2,5 ou 2,5 x 3 metros para as variedades americanas. Após lançar as sementes, deve-se cobrir com terra e cerca de 30 dias depois do plantio, realizar o desbaste, onde as mudas mais fracas são retiradas, ficando somente as vigorosas. O desbaste é feito no sistema de plantio com sementes, quando as plantas apresentarem três a quatro folhas definitivas - entre 10 e 15 dias após o plantio, de acordo com desenvolvimento das mesmas; é realizado eliminando-se as plantas mais raquíticas e mantendo-se o número de plantas por cova pré-estabelecido, de acordo com o espaçamento e a finalidade da produção de frutos. A eliminação das plantas excedentes deve ser feita, preferencialmente, por meio de corte com facas, tesouras ou canivetes. Caso se deseje fazer arranque manual, é preferível fazê-lo logo após a irrigação, para não danificar as demais plantas, ou após uma chuva, se o cultivo for de sequeiro. O desbaste deve ser realizado também com os frutos, para uma boa colheita, ficando somente aqueles mais desenvolvidos (dois por rama). As ramas da melancia crescem arrastando-se pelo solo e procuram os torrões de terra para fixarem-se; é comum ficarem enroscadas umas nas outras. O produtor deve observar e ajudar a planta a se esparramar de maneira uniforme, desembaraçando, sem feri-la.  Condução das ramas ou penteamento: Essa prática consiste no afastamento das ramas para fora dos sulcos de irrigação e das faixas do terreno reservados ao trânsito. Esta operação deve ser feita até três vezes antes da frutificação. Além de facilitar as capinas, as pulverizações e a colheita, evita o apodrecimento dos frutos causado pelo contato com água ou por danos mecânicos. O penteamento, após a frutificação, deve ser evitado, pois pode causar o seu desprendimento. É importante planejar o plantio de maneira que a direção dos ventos facilite o posicionamento das ramas de melancia, evitando-se, assim, o desgaste das plantas por sucessivas operações de penteamento ou movimentação pelos ventos. Polinização: As flores masculinas e femininas de melancia localizam-se separadamente na mesma planta. Cada flor permanece aberta por apenas 1 dia; a abertura ocorre 1 a 2 horas após o aparecimento do sol e, o fechamento, à tarde. As abelhas são os principais agentes polinizadores em melancia, que é uma espécie alógama. A polinização das flores no dia da antese, normalmente, ocorre pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para aumentar a frutificação e a produtividade, melhorando a qualidade dos mesmos e reduzindo o número de frutos defeituosos. Desbaste de frutos: devem ser eliminados todos os frutos defeituosos e com podridão estilar (fundo preto) pois, além de as plantas direcionarem energia para frutos que não serão comercializados, a presença dos mesmos inibirá o pegamento de outros frutos de qualidade na planta. Proteção da parte inferior e posicionamento na vertical dos frutos: Recomenda-se evitar o contato direto dos frutos com o solo, principalmente em épocas chuvosas. Os frutos devem ser calçados com palha de arroz, capim seco ou similar evitando-se o apodrecimento de frutos e a mancha de encosto, o que melhora a cotação do produto no mercado. Outra prática utilizada para melhorar o formato e a qualidade do fruto é colocá-lo na posição vertical — a região apical do fruto voltada para o solo, quando estiver com aproximadamente 20 dias após a polinização das flores. Com esta prática, a mancha de encosto ficará mais discreta, dando uma melhor aparência ao fruto. Rotação de culturas: Depois da colheita, deve-se plantar outra cultura de espécie e família diferentes da melancia, não sendo indicados plantios de melão, abóbora, chuchu, moranga ou pepino na mesma área. O plantio sucessivo de plantas da mesma família na mesma área favorece o ataque de pragas e doenças e, consequentemente, diminui a produção e a qualidade dos frutos. O coquetel vegetal é a mistura de diferentes espécies, normalmente leguminosas e gramíneas, cultivadas antes da espécie a ser plantada ou entre as linhas da cultura principal. Sua utilização tem importância por melhorar a diversidade de espécies na área reduzindo as pressões dos patógenos oportunistas que se encontram no local. Além disso, o uso do coquetel vegetal, principalmente com leguminosas, permite a fixação de nitrogênio no solo e transporte de nutrientes de camadas inferiores para camadas superiores, pela ação dos diferentes sistemas radiculares presentes, melhorando química, física e biologicamente o solo da área. Se o produtor optar por incorporar o coquetel visando à fertilização adicional do solo - leguminosas, é importante fazê-lo com um mínimo de antecedência de 50 dias da data prevista para o plantio da melancia. Caso seja para formar uma densa camada de cobertura morta com gramíneas-, o corte das plantas poderá ser feito próximo ao plantio da melancia, tomando-se o cuidado de fornecer nitrogênio suficiente nas covas, na forma de compostos orgânicos, torta de mamona, biofertilizantes, etc., evitando-se uma competição com as bactérias decompositoras, que atuarão sobre a palhada. Cobertura morta: Espécies de gramíneas possuem baixa velocidade de decomposição da parte aérea e, apesar de suas raízes ocuparem o espaço mais superficial do solo, a parte aérea se mantém por mais tempo sobre o mesmo, formando cobertura morta (mulch), muito recomendado em regiões quentes e secas como no Semiárido nordestino. Também contribuirá no manejo de plantas espontâneas e evitará a formação da mancha de encosto dos frutos. Manejo de doenças e pragas da melancia: Além das recomendações relacionadas na matéria postada no dia 31/10/2012 "Cultivo orgânico de hortaliças frutos - Parte I", outras práticas culturais são importantes, entre as medidas gerais no manejo de doenças e pragas da melancia: a) escolher a área de plantio não contaminada por doenças do solo e fazer rotação de culturas por 3 anos; b) evitar o plantio próximo à áreas cultivadas com melancia e outras espécies da família das cucurbitáceas; c) plantio de sementes ou mudas produzidas por empresas idôneas; d) adubar corretamente, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico, pois as plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças; e) irrigar de forma correta, evitando o excesso de água o solo, pois favorece às doenças; f) controlar os insetos que provocam ferimentos nas plantas, servindo de porta de entrada para as doenças (bactérias, fungos e viroses); g) eliminar os frutos e plantas doentes da área para evitar a transmissão para as plantas sadias e h) eliminar os restos culturais após a última colheita.
Colheita: A colheita é feita cerca de 100 dias após plantio Quando as flores abrirem, elas indicam que aproximadamente 40 a 45 dias, os frutos estarão no ponto para serem colhidos. Mas há outros meios que identificam os frutos maduros: a) Ao bater com dedos no fruto e este emitir um som oco, está maduro (som metálico, ainda está verde); b) O fruto fica pálido e a casca está mais resistente a pressões; c) A gavinha próxima ao pendúnculo fica seca; d) A parte da casca que fica em contato com o solo, que antes era branca, fica amarelada. Colher os frutos maduros nas primeiras horas do dia, cortando o pendúnculo com uma faca afiada, à cerca de 5 cm da fruta, para evitar a penetração de fungos que apodrecem a melancia durante a armazenagem. Devem ser armazenadas deitadas, nunca em pé, e como não são colocadas em caixas, todo o cuidado é necessário ao transportá-las. No caminhão, a carroceria deve ficar forrada com 10 cm de capim seco, e as bordas protegidas. Também entre uma camada e outra, é recomendado proteger os frutos com palha ou saco de estopa. Não se aproveita os frutos rachados ou cortados durante o transporte. Fora da geladeira, a melancia se conserva bem durante uma semana, se guardada em lugar fresco e arejado. Depois de cortada, deve ser conservada na geladeira, envolvida em plástico ou papel alumínio, para evitar que absorva o odor de outros alimentos.
Melão
Embora conhecido e comercializado como fruta, o melão (Cucumis melo L.) é uma hortaliça-fruto, assim como a melancia e o morango. Assim como a melancia, pertence à família Cucurbitaceae, a mesma do chuchu, abóbora, moranga, melancia e pepino. De folhas grandes e flores amarelas, suas plantas são rasteiras e se desenvolvem bem em locais com insolação, dias longos, ar seco e sem ventos fortes. É uma hortaliça-fruto originária da África e Ásia, cuja introdução no Brasil foi feita por imigrantes europeus, tendo introduzido seu cultivo em meados da década de 60, no Rio Grande do Sul. Foi na Índia que ocorreu sua dispersão, espalhando-se para todas as direções. Hoje encontramos cultivares de melão em diversas regiões do mundo, desde os países mediterrâneos, centro e leste da Ásia, sul e centro da América e também o centro e sul da África. Esta amplitude de regiões de cultivo é conseqüência de uma grande variabilidade genética que tem permitido a adaptação de diferentes tipos de melão em condições agronômicas diversas, de tal maneira que hoje podemos encontrar em todos os mercados do mundo, melão com diferentes cores, formato e aroma. Nas Américas, o melão foi introduzido por intermédio de Cristóvão Colombo e a partir dessa época, passou a ser utilizado pelos índios, sendo rapidamente espalhado por todo o continente.
 Figura 4. Hortaliça-fruto: melão, pertencente ao grupo inodoros (tipo amarelo), o mais cultivado no Brasil
Propriedades nutricionais e terapêuticas: O melão, assim como a melancia, é altamente nutritivo e refrescante. O melão é rico em vitaminas A, B, B2, B5 e C, sais minerais como potássio, sódio e fósforo, apresenta valor energético relativamente baixo (20 a 62 kcal/100g de polpa); é consumido in natura ou na forma de suco e como ingrediente de saladas com frutas ou outras hortaliças. O fruto maduro tem propriedades medicinais, sendo considerado calmante, refrescante, diurético e laxante. Ele é também recomendado para o controle de gota, reumatismo e problemas renais. O melão, assim como a melancia, têm alto teor de biovlafonóides, carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o câncer e outras doenças. Embora a polpa de melão não contenha fibras insolúveis, contém pectina, uma fibra solúvel que ajuda manter o nível de colesterol no sangue sob controle.
Cultivo: Desenvolve-se bem em lugares de clima quente e seco, com alta luminosidade. Temperaturas elevadas associadas à alta luminosidade, baixa umidade relativa e umidade do solo adequada, proporcionam as condições climáticas necessárias para a boa produtividade da cultura e para a obtenção de frutos de ótima qualidade (aumenta o conteúdo de açúcares, melhora o aroma, o sabor e a consistência dos frutos). A temperatura é o principal fator climático que afeta diretamente o meloeiro. Ela influencia no teor de açúcar (ºBrix), sabor, aroma e na consistência do fruto, fatores importantes para a comercialização e principalmente a exportação. O °brix é usado também como índice de classificação de melão de acordo com seu teor de açúcar, sendo menor que 9 ºbrix considerado como não comercializável, de 9 a 12 como comercializável, e acima de 12º brix como melão extra. Em geral, nas regiões de clima frio, o plantio de melão deve ser feito de outubro à fevereiro, enquanto que em clima ameno, de agosto à março e no clima quente, durante o ano todo, evitando-se as épocas de chuvas intensas. A temperatura ideal para o bom desenvolvimento do melão varia de 20 a 30º C. Sob baixas temperaturas (15 à 20ºC), a ramificação do meloeiro é afetada resultando em plantas pouco desenvolvidas e baixas produtividade. Em temperatura elevada acima de 35ºC, estimula a formação de flores masculinas, e especialmente quando acompanhada por ventos fortes, pode ocorrer ruptura da casca dos frutos nos pontos mais fracos. Em temperaturas abaixo de 12ºC, o crescimento vegetativo é paralisado. O meloeiro não tolera ventos frios e geadas. A combinação de alta temperatura com alta luminosidade e baixa umidade relativa favorece ao estabelecimento do meloeiro e ao aumento de produtividade com maior número de frutos de qualidade comercial. A faixa ótima de umidade relativa do ar para o desenvolvimento do meloeiro situa-se de 65% a 75%. Em condições de umidade do ar elevada promovem a formação de frutos de má qualidade e propiciam a disseminação de doenças na cultura. Os melões produzidos nessas condições são pequenos e de sabor inferior, geralmente com baixo teor de açúcares, devido à ocorrência de doenças. O melão prefere solos férteis de textura média (franco-arenoso ou areno-argilosos), soltos, profundos (80 cm ou mais) e bem drenados. Cultivares:  Dentre as variedades de melão existem seis tipos que são cultivados no Brasil em escala comercial. No Brasil, planta-se principalmente cultivares de melão do grupo Inodorus, tipo "amarelo"; entretanto, há uma tendência de mercado no aumento da demanda por melões do grupo Cantalupensis, aromáticos, com bom sabor e maior teor de açúcar (°Brix). Os melões do tipo "Pele de Sapo", "Gália" e "Charentais", são os preferidos do mercado europeu. Tipo Amarelo: Pertence ao grupo dos inodorus e é também conhecido como melão espanhol; tem casca amarela e polpa variando de branca a creme e os frutos apresentam formato redondo ovalado e são os mais resistentes ao manuseio. Pele de sapo: Pertence ao grupo dos inodorus. recebeu este nome pela coloração de sua casca; verde-clara com manchas verde-escuras, levemente enrugada e dura, com polpa creme esverdeada. Dentre os melões comercializados, é o tipo de maior tamanho. As principais cultivares estão descritas a seguir. AF-682 – cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa tolerância ao vírus do mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e raça 1 de oídio; os frutos tem formato elíptico, casca amarelada levemente enrugada, cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de 1,5 kg, sabor extremamente doce e precocidade de colheita em torno de 75 dias após a semeadura. AF-646 - cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa tolerância ao vírus do mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e raça 1 de oídio; os frutos tem formato elíptico, casca amarelada levemente enrugada, cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de 1,4 kg, sabor extremamente doce e precocidade de colheita. Gold Mine – Cultivar híbrido tipo "amarelo", muito produtivo, tendo apresentado boa tolerância em campo às raças 1 e 2 de oídio, 0, 1 e 2 de fusarium e míldio; os frutos tem formato redondo-ovalado, de cor amarelo-dourada, casca levemente enrugada, muito firme, polpa creme-esverdeada, grossa, crocante e doce, teor de açúcar médio de 10 °Brix, pequena cavidade de sementes e peso variando de 1,5 a 2,0 kg. A colheita precoce ocorre, em geral, aos 60-65 dias do plantio. Tendency – Cultivar híbrido tipo pele de sapo recém lançada, plantas vigorosas e abundante cobertura foliar que protege os frutos de queimaduras causadas pelo sol, além de alta produtividade; apresenta alta qualidade de frutos, sendo o formato redondo/ovalado, peso médio de 1,3 kg, casca enrugada, coloração verde com manchas verde-escuras e amarelas, polpa espessa e crocante de coloração creme-verde-clara, pequena cavidade de sementes, excelente sabor e alto ºbrix com precocidade de colheita aos 55-60 dias. Honeydew – Cultivar de polinização aberta (andromonóica), boa conservação pós-colheita, recomendada para o mercado de exportação dos Estados Unidos, principalmente; colheita tardia entre 70 e 80 dias, produzindo frutos sem odor, casca bem lisa de coloração branco-creme brilhante, formato globular, peso médio de 1,5 kg, polpa esverdeada, suculenta, de textura fina e doce. Uma característica do tipo honeydew é que o fruto não se destaca da rama como em outros tipos necessitando o corte com tesoura. Hy-Mark – Cultivar híbrido, tipo Cantalupensis, muito produtivo, com alto pegamento de frutos; os frutos de formato levemente ovalado/arredondado, peso entre 1,4-1,5 kg, com casca reticulada, sem suturas e polpa de cor salmão muito forte, pequena cavidade de sementes, sabor muito doce e muito aromático. Altamente resistente a oídio raça 1 e tolerante a aplicação de enxofre. A maturação ocorre aos 62-67 dias, aproximadamente, acompanhada do início de desprendimento do pedúnculo. Adubação e correção do solo: de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico; o melão é muito exigente na correção da acidez do solo, comportando-se melhor quando o pH estiver entre 6,0 e 7,5. O preparo do solo deve constar de uma aração média, em torno de 30 cm de profundidade, e uma gradagem feita no sentido perpendicular. Deve-se evitar o destorroamento excessivo do solo, deixando-se os torrões que servem para fixação das gavinhas e, ainda, reduzem a área de contato do fruto com a superfície do solo, diminuindo, portanto, a formação da "mancha de encosto". Esta mancha, quando acentuada, deprecia a qualidade comercial do melão. Outra opção que tem a vantagem de diminuir a infestação das plantas espontâneas, cobrir o solo , melhorar a fertilidade do solo e ainda manter a umidade do solo é o consórcio com adubos verdes (ver as recomendações no cultivo da melancia e também a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: Parte I). Os frutos não devem ficar em contato com o solo, meio que facilita o ataque de pragas e doenças, além de manchas brancas, que também podem surgir na casca do melão, por isso, o consórcio com adubos verdes é recomendável. Espaçamento e plantio: em pequenas áreas, as medidas para a cultura do melão são de 2 metros entre fileiras e de 0,3 a 0,5 m entre plantas (10.000 a 16.666 plantas/ha). Os produtores que cultivam áreas extensas, com alto nível de tecnologia, têm adotado espaçamento de 2,0 a 3,0 metros entre fileiras e de 0,12 a 0,50 metro dentro das fileiras (duas a oito plantas/m linear), deixando, normalmente, uma planta por cova. Assim como a melancia, o melão normalmente é semeado diretamente nas covas. No entanto, devido ao preço das sementes híbridas e também aos maiores cuidados e mão-de-obra necessárias neste sistema de plantio, cada vez mais tem sido preferido a produção de mudas em recipientes (bandejas de isopor, tubetes, copinhos de papel) protegidas por abrigos, para posterior transplante (ver na matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer as mudas). É necessário ter cuidado para não passar do momento exato do transplantio, que não deve exceder o período da emissão da primeira folha definitiva (15 dias após semeadura). Para a semeadura direta é necessário 1 a 1,5 kg/ha de sementes. Irrigação: gotejamento é o sistema mais utilizado no cultivo do meloeiro nas principais regiões produtoras; consiste na aplicação de água através de gotas próximas às raízes das plantas. As vantagens do sistema de gotejamento são a economia de água, mão-de-obra e alta eficiência. A desvantagem é o alto custo de instalação em relação aos outros sistemas, como também, possíveis problemas de entupimento dos gotejadores. O cultivo de melão necessita ser irrigado com frequência, mas deve ser feito até três dias antes da colheita para aumentar os açúcares nos frutos. Polinização: As flores masculinas e femininas localizam-se separadamente na mesma planta. Cada flor permanece aberta apenas por um dia. A abertura ocorre de uma a duas horas após o aparecimento do sol e o fechamento, à tarde. A polinização é realizada por abelhas, normalmente pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para o pegamento dos frutos e conseqüentemente aumento da produtividade e para diminuir o número de frutos defeituosos. Estresses hídricos e problemas de polinização são as principais causas de frutos mal formados. Poda: Diante de resultados de pesquisa realizada pela Embrapa Semi-Árido, não recomenda-se fazer a prática da poda, tendo como desvantagens a elevação dos custos de produção, além de facilitar a disseminação do vírus (PRSV-w) durante a operação da poda, não sendo observado aumento da produtividade de frutos. A operação de raleio, desbaste ou raleamento de frutos é uma prática efetuada com a finalidade de melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos produzidos. Recomenda-se a eliminação dos frutos mal formados o mais cedo possível (o tamanho máximo é quando o fruto está do tamanho de uma bola de tênis). Outras causas são em decorrência de pragas, doenças, formato ou cicatriz estilar grande. O manejo de plantas espontâneas pode ser feito através de cultivos mecânicos ou a tração animal entre linhas e manualmente (enxada) entre as plantas, tantas vezes quantas forem necessárias para manter a cultura sem a competição das plantas espontâneas. Com o desenvolvimento das plantas, as capinas devem ser manuais (enxada) e localizadas, para evitar o manuseio das ramas. O sistema de plantio de melão consorciado com adubos verdes, evita a infestação de plantas espontâneas, além de outras vantagens. Calçamento dos frutos é uma prática comum no interior de São Paulo. Consiste em calçar o fruto com dois pedaços de bambu, palha ou capim seco, para não haver o contato direto dos frutos com o solo, evitando o apodrecimento dos mesmos (principalmente na época chuvosa, na fase próxima à colheita), em decorrência de pragas, tais como broca das hastes e broca das cucurbitáceas. Essa prática reduz, também, a mancha de encosto. O calçamento dos frutos seria ideal, porém, torna-se impraticável quando se cultiva áreas extensas. Manejo de doenças e pragas do melão: em geral, as recomendações para a melancia também vale para o melão; ver na matéria postada anteriormente "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: Parte I", o manejo de algumas pragas e doenças com produtos alternativos que não comprometem o meio ambiente. Rotação de culturas: seguir as mesmas recomendações da cultura da melancia.
Colheita: O ideal, considerando-se o aspecto do teor de açúcares e sabor, é a colheita de frutos completamente maduros. Entretanto, neste estágio, os frutos são recomendáveis apenas para a comercialização em mercados locais. Como o melão não contém amido (que é convertido em açúcar), ele não continua a amadurecer após ser colhido; portanto, o melão colhido antes de estar totalmente maduro nunca atinge o seu melhor sabor. Para selecionar um melão maduro, procure na área do talo uma cicatriz lisa e ligeiramente funda. Se houver esta marca quer dizer que o melão está maduro, sendo arrancado facilmente do pé. No entanto, se parte da haste ainda estiver presa à cicatriz, o melão foi colhido enquanto ainda estava verde. Para exportação, os melões do tipo "amarelo" podem ser colhidos quando iniciarem a mudança de coloração, ocasião em que deverão apresentar brix de aproximadamente 10º. Após a colheita, deve-se evitar pancadas e danos nos frutos, que depreciam a qualidade comercial e reduzem o período de conservação. Os frutos são colhidos manualmente, com auxílio de uma faca. Normalmente, os melões do grupo Inodorus (amarelos) tem uma maior conservação que os do grupo Cantalupensis (tipo reticulado). 
Postado do blog " Cultivo Orgânico de Hortaliças".

10 de março de 2013

Receitas de inseticidas naturais para sua horta caseira


Receita de inseticida natural caseiro 1#

Ingredientes:
40 gramas de fumo de corda ou de rolo. Encontra em agropecuárias.
100 gramas de sabão de coco ou de sabão neutro
2 litros de água
Como preparar: Corte o fumo em pedacinhos, o sabão em quadradinhos,misture tudo com a água edeixe descansar por no mínimo 24 horas.
Passe o líquido em um coador para retirar os restos do fumo e impurezas. Usem o líquido para pulvelizar as plantas.

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Receita de inseticida natural caseiro 2#

Um insecticida geral para seu jardim pode ser feito de cascas de laranja, alecrim e um quarto de xícara de flocos de pimenta ardida. Coloque as cascas de laranja, 4 colheres de sopa de alecrim e a pimenta em cerca de dois litros de água quente, em torno de  65 ºC.  Permita que os ingredientes assim permaneçam  durante a noite. Você poderá colocar o inseticida macerado em uma área bem ventilada para que o aroma não se espalhe por sua casa. Pela manhã, a mistura estará pronta para ser aplicada. Use um frasco com válvula spray e sature suas plantas do jardim. Esta solução pode ser aplicada uma vez por semana para manter um jardim livre de insetos.

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Tabaco
  • Pegue dois punhados de folhas secas (200g) ou de pontas de cigarros.
  • Ferva de 15 a 20 minutos em 2 litros de água. 
  • Acrescente sabão, misture e deixe esfriar antes de filtrar.
  • Dilua com 5 litros de água.
Aplique uma vez por semana.
Eficaz contra a broca das hastes do milho, lagartas, afídeos, moscas e gorgulhos, assim como contra carrapatos nos animais.


Pimenta Malagueta
  • Pique uma xícara (chávena) de pimenta-malagueta
  • Acrescente 2 litros de água
  • Deixe de molho na água por 2 ou 3 dias ou ferva por 15 minutos.
  • Acrescente sabão em pó ou lascas de sabão, misture e filtre. 
Durante a estação seca, aplique uma vez por semana. Durante a estação das chuvas, aplique três vezes por semana.
Eficaz contra as lagartas, os afídeos e as formigas.

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Macerado de alho

Esmagar 10 dentes de alho em 2 litro de água e deixar descançando por treze dias.
Misturar em 20 litros de água e pulverizar nas plantas atacada por pulgões


Coentro

Bater 200 gramas de folhas de coentro no liquidificador com 1 litro de água e pulverizar as plantas. Combate ácaros e pulgões.

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Calda de Agave contra formigas

Para o combate contra formigas podemos utilizar folhas de  Agave.



Protocolo 
Pegue três folhas de agave (Agave americana L. e Agave atrovirens), macere e misture com água. Depois é só localizar a entrada do formigueiro e despejar o preparado. Ele reduz o desenvolvimento das formigas dentro do próprio formigueiro.


Cebola controla insetos

A cebola (Allium cepa) controla lagartas em beterrabas, broca e ferrugens em plantas, também combate pulgões:



Protocolo:
Corte a cebola em fatias ou bata no liquidificador com água. Adicione meio litro de água. Borrife a mistura sobre as plantas 2 vezes ao dia num intervalo de 5 dias. Plante cebola perto da planta lantana ou cambará para repelir brocas.


Extrato de fumo no controle de pulgões

Insetos que sugam seiva das plantas. Existem de diversas cores. A maioria é desprovida de asas e vive em colônias.



Protocolo: 
Pulverize com extrato de fumo.
O extrato de fumo deve ser preparado se seguinte forma: Coloque um pouco do fumo de rolo picado  em uma tigela e cubra com álcool (líquido ou gel) Quando o fumo tiver absorvido todo o álcool, coloque novamente um pouco de álcool diluído em água. Deixe por 48 horas em local fresco.
Torça o preparado em um pano ralo e guarde-o em uma garrafa em local escuro.
Pulverize este extrato sobre toda a folha para espantar pulgões. Se desejar também combater cochonilhas, na hora de usar, misture cerca de um copo desse líquido com 100 g de sabão neutro derretido em água quente. Acrescente mais 10 litros de água, coe e pulverize.


Extrato de fumo contra brocas
São larvas que se alojam nas raízes de plantas formando galerias nos tecidos dos troncos.

Protocolo:  
Aplique injeções de extrato de fumo dentro dos orifícios  das galerias feitas pelas brocas nos troncos e e galhos. Logo em seguida, tampe a entrada com cera derretida. 
O extrato de fumo deve ser preparado se seguinte forma: Coloque um pouco do fumo de rolo picado  em uma tigela e cubra com álcool (líquido ou gel) Quando o fumo tiver absorvido todo o álcool, coloque novamente um pouco de álcool diluído em água. Deixe por 48 horas em local fresco.
Torça o preparado em um pano ralo e guarde-o em uma garrafa em local escuro.
Pulverize este extrato sobre toda a folha para espantar pulgões. Se desejar também combater cochonilhas, na hora de usar, misture cerca de um copo desse líquido com 100 g de sabão neutro derretido em água quente. Acrescente mais 10 litros de água, coe e pulverize.


Sabão e fumo contra cochonilhas
São insetos sugadores com ou sem carapaça, que retiram os açúcares da  seiva. Vivem em colônias e não tem asas.

Protocolo:  
Pulverize com sabão e fumo ou regue sob pressão. Em casos de ataques muito fortes, utilize a calda de sabão e fumo acrescida de óleo mineral. Se forem poucas as plantas atacadas, lave as partes afetadas com bucha, água e sabão ou detergente. 
A calda de sabão pode ser preparada da seguinte forma:
Dilua 50 g de sabão neutro raspado em 5 litros de água quente. Esfrie, coe e pulverize.


Preparo da Calda Bordalesa

Para prevenir suas plantas contra o ataque de fungos e ácaros, prepare em casa a calda bordalesa.



Protocolo: 
Ingredientes: 
200 g de sulfato de cobre
200 g de cal virgem
20 litros de água
Saco de pano ou "perfex"
Preparo:
Coloque numa vasilha 18 litros de água;
Faça uma espécie de sachê com o perfez ou saco de pano, e preencha-o com 200 g de sulfato de cobre;
Mergulhe parcialmente o sachê na água por 3 ou 4 horas, ou até que o sulfato de cobre se dissolva por completo;
Numa outra vasilha, dissolva 200 g de cal em 2 litro de água. Despeje a mistura na solução de sulfato de cobre e mexa bem;
Finalmente, antes de aplicar a calda bordalesa, é bom fazer um teste de acidez, mergulhando no preparo uma lâmina de ferro. 
Se o preparado estiver muito ácido, o que pode prejudicar as plantas, a lâmina de ferro escurecerá. Neste caso acrescente um pouco mais de leite de cal à calda e repita o teste. Faça isso quantas vezes for necessário, até a lâmina não escurecer mais.


Extrato de fumo com pimenta contra lagartas

As lagartas são a fase jovem da borboleta. Todas são muito vorazes e algumas tem o hábito noturno.



Protocolo:  
Pulverize com extrato de fumo com pimenta sobre as lagartas. Outro cuidado é o esmagamento dos ovos nas folhas ou a catação manual das lagartas, com cuidado de usar luvas grossas para evitar queimaduras.
Numa garrafa de 1 litro, misture 50 g de fumo de rolo picado e pimenta malagueta. Complete com água e deixe repousar por uma semana. Dilua em 10 litros de água e pulverize.


Controle de lesmas

Caracterizam-se pelo corpo mole e segmentado. Quando se deslocam, deixam para trás um rastro de substância viscosa e brilhante.



Protocolo:  
Distribua à noite, ao redor das plantas e canteiros, uma faixa de uns 15 cm de largura de pó de cal virgem ou de cinzas de madeira. Use também iscas de pão embebido em leite ou cerveja e coloque-as no pé da planta que precisa de proteção. As lesmas virão até as iscas, simplificando a catação manual.

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fontes:
  • http://bit.ly/cLN6Zn
  • http://bit.ly/GSuUUN
  • http://bit.ly/GUm46x
  • http://bit.ly/H5c3ze
  • http://bit.ly/GRqqKp 
Postado de "http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8755116275552761820#editor/target=post;postID=541143960903232354". 

11 de Janeiro: Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos

11 de Janeiro: “Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos”

  A data é comemorada no Brasil para conscientização da população quanto aos riscos causados pelo uso indiscriminado  de agrotóxicos e problemas causados ao meio ambiente e à saúde humana. Embora não haja motivo para comemorar o “dia do controle da poluição por agrotóxicos”, a data serve para refletir sobre a necessidade do seu uso. É visível que o meio ambiente vem passando por intensas transformações em função da “modernização” agrícola, proporcionada pelas políticas voltadas, principalmente, ao desenvolvimento das monoculturas visando à exportação e  também pelo interesse do grande capital nacional e internacional.  
     Em 11 de janeiro de 2013, comemora-se 13 anos do Decreto Federal nº 98.816, que regulamentou primeiramente a Lei dos Agrotóxicos.
  
  
O que são agrotóxicos e quais as consequências para a saúde das pessoas e para o meio ambiente?
     São produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja a finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, afim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.
      A utilização, na agricultura, de produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, conhecidos como pesticidas, praguicidas, formicidas, herbicidas, fungicidas, inseticidas, nematicidas, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento ou ainda agrotóxicos, iniciou-se na década de 1920 e já durante a 2ª Guerra Mundial, foram utilizados como arma química. No Brasil, a utilização intensiva de agrotóxicos originou-se do Plano Nacional de Desenvolvimento, lançado em 1975, que forçava os agricultores a comprar os venenos através do crédito rural. Como consequência das políticas adotadas, o Brasil atingiu recentemente uma liderança da qual não podemos nos orgulhar. Desde 2008, somos o país que mais consome agrotóxicos no planeta!  Entre 2000 e 2010, o comércio de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%, enquanto que a média mundial foi de 93%. Existe a enorme pressão comercial das empresas produtoras de agrotóxicos, que sem qualquer compromisso com o meio ambiente e, com a saúde da população, visam apenas o aumento dos lucros. Mais de um bilhão de litros de venenos são jogados nas lavouras por ano (50% na cultura da soja). Se fizermos um cálculo simples, dividindo a quantidade de agrotóxicos utilizados nas lavouras, anualmente, pela população brasileira, chega-se a marca de 5,2 litros consumidos por habitante. E, o que é pior, o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos em vários países. Segundo a Anvisa, em 2009 estavam registrados 2.195 agrotóxicos para uso nas culturas no Brasil, sendo 434 tipos diferentes; Dentre os agrotóxicos, o uso do herbicida glifosato foi o que mais cresceu (mais de 600%), passando de  39.515 toneladas em 2000, para 299.965 toneladas em 2009.
     O termo “defensivo agrícola” é muitas vezes empregado, erroneamente, por fabricantes, distribuidores, vendedores, técnicos estimulados pelo setor produtivo industrial, que querem tornar mínimo o esclarecimento de sua nocividade. Até hoje, o setor industrial investe nesta denominação, busca e influencia a política agrícola para o uso intensivo desses venenos. A denominação de agrotóxicos (Lei 7.802 de 1989) e até “venenos”, de emprego popular, é o mais  correto. Mais do que uma simples mudança da terminologia, o termo  “agrotóxico" coloca em evidência a toxicidade desses produtos ao meio ambiente e à saúde humana. São ainda genericamente denominados praguicidas ou pesticidas. 
SÃO BIOCIDAS QUE FULMINAM A VIDA!
     As principais consequências do uso dos agrotóxicos são:  contaminação do meio ambiente, dos alimentos, produtores e consumidores, redução da biodiversidade, morte dos insetos polinizadores (abelha e outros) e dos inimigos naturais das pragas, surgimento de novas pragas  e resistência dos insetos (Figura 2), patógenos que causam doenças e plantas espontâneas (inços) aos agrotóxicos e,  o  uso cada vez maior de misturas de produtos mais potentes e mais perigosos  (ex.: uso do herbicida glifosato em lavouras de soja transgênica), além do aumento do custo de produção e dependência dos produtores.
Figura 2. Larva minadora: tornou-se praga devido ao uso indiscriminado e excessivo de inseticidas
     As contaminações por agrotóxicos são muito frequentes e provocam, na maioria das vezes, sequelas no ser humano. Os efeitos podem ser agudos (sentido logo após o contato com o produto) ou crônicos  (efeito sentido após semanas/anos).  Normalmente o diagnóstico da intoxicação crônica é difícil de ser realizado e requer exames sofisticados para identificar. Os danos causados pelos agrotóxicos, muitas vezes, são irreversíveis, incluindo paralisias e vários tipos de câncer, distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor e outros, podendo levar até a morte. Outros efeitos podem ser sentidos, tais como: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia;   tremores no corpo;  indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos,  cólicas abdominais; alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar;  queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro;  irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques; desmaios, perda de consciência e até o coma. Até pouco tempo várias doenças como câncer, doenças respiratórias, neurológicas, transtornos de conduta e más formações congênitas eram tidas como doenças de “causas desconhecidas”. Análises na área de Saúde Ambiental, que pesquisam os impactos do ambiente na saúde humana, vêm mostrando o ambiente como fator de grande importância no processo de determinação dessas doenças. O uso abundante de venenos agrícolas implica em graus rigorosos de poluição ambiental e intoxicação humana por diversas vias de absorção (Figura 3), pois a grande maioria dos agricultores, aplicadores, desconhece os riscos a que se expõem e, consequentemente, descumprem normas básicas de saúde e segurança, sem falar que destrói a biodiversidade e comprometem os recursos naturais para as presentes e futuras gerações. Tem sido pensado e proposto sobre a melhor proteção do trabalhador rural, diretamente exposto à intoxicação por venenos agrícolas. O mesmo não é feito quanto à proteção dos seres vivos em geral, principalmente aqueles indiretamente expostos através da contaminação do ar, da água, do solo e de alimentos contaminados com venenos agrícolas.
Figura 3. Vias de absorção mais comuns na contaminação no manuseio de agrotóxicos

     Intoxicações e mortes causadas pelos agrotóxicos, registradas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, indicam que entre 1984 a 2011 ocorreram 285 mortes e um total de 12.245 pessoas intoxicadas.  No Brasil, 280 mil trabalhadores se intoxicam por ano. No mundo estima-se que são 3 milhões de pessoas intoxicadas por ano (OMS) com 220 mil mortes. Estima-se que para cada registro oficial, ocorre pelo menos 10 casos não registrados (dificuldade no diagnóstico dos efeitos crônicos). Ao pesquisar a evolução das intoxicações por  agrotóxicos em Santa Catarina, na década de 1991 a 2000, verificou-se, em média, que 350 pessoas foram intoxicadas por ano, enquanto que na última década (2001 a 2010), foram 600 pessoas intoxicadas por ano, ou seja, um aumento de 75% de pessoas intoxicadas (fonte: www.cit.sc.gov.br).
Outros problemas causados pelos agrotóxicos e relatados no Brasil e Argentina:
ü  Novo estudo reafirma a associação entre agrotóxicos e a Doença de Parkinson: As pessoas   expostas aos agrotóxicos eram mais suscetíveis.
ü  Suicídio ligado ao agrotóxico:  Estudos no mundo mostram que existe uma relação forte entre tentativas de suicídio e uso de agrotóxicos. Brasil: Venâncio Aires, Antonio Prado e Ipê, RS;  Mato Grosso do Sul (1992-2002): 1355  pessoas intoxicadas registradas – 506 tentativas de suicídio com 139 mortes.
ü  Agrotóxicos vêm causando infertilidade e câncer:  A infertilidade humana e animal têm relação com o uso de agrotóxicos. A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz é baseada em estudos preliminares.
ü  Uso  de Agrotóxicos  por Agricultores  de  Palhoça, SC (pesquisa): 85 % conheceram ou conhecem alguém que já se intoxicou; 31 % das crianças ajudam a aplicar agrotóxicos; 55 %  aplicam agrotóxicos em horas quentes; 25 % aplicam contra o vento; 30 % já foram ao hospital; 35 % coceiras, 50 % tonturas, 35 % vomitam, 40 % visão turva e 35 % salivação abundante.
ü  O herbicida Glifosato (roundup) também chamado de veneno “fraquinho” é suspeito de provocar malformações em bebês: Pesquisa em embriões de anfíbios (conc. 5.000 vezes menor do que o produto comercial), provocou deformações. Na Argentina (Chaco),  na última década, quando o uso de venenos aumentou drasticamente, relatório informa que quadruplicou os nascimentos de bebês com malformações.
ü  Pesquisa recente da Fundação Osvaldo Cruz/UFMT (Mato Grosso do Sul) revela: que até o leite materno está contaminado; Ao coletar-se amostras de 62 mulheres entre a 3ª e 8ª semana após o parto, verificou-se que:  Em 100% das amostras foi encontrado pelo menos 1 tipo de  agrotóxico e em 85% das amostras encontrou-se entre 2 e 6 tipos de agrotóxicos.
ü  Os agrotóxicos são a 2ª causa de contaminação da água no País; Só perde para o despejo de esgoto doméstico, o grande problema ambiental brasileiro.  A pesquisa do IBGE mostra que, dos 5.281 municípios que têm atividade agrícola, 1.134 (21,5%) informaram ter o solo contaminado por agrotóxicos e fertilizantes químicos.
     Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em 26 estados do Brasil desde 2001, revela:  Praticamente todas as espécies pesquisadas apresentaram amostras com resíduos de agrotóxicos (Figura 4) e, o que é pior,  com produtos químicos não registrados para as culturas e, ainda com alguns já proibidos em diversos países da Europa e Estados Unidos (endossulfan, acefato e metamidofós). Segundo a Anvisa,  foram encontrados resíduos destes agrotóxicos em amostras coletadas em lavouras de pimentão, cenoura, cebola, pepino, beterraba, tomate e alface. As culturas com mais amostras contaminadas por agrotóxicos(30 a 91%) foram: pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve e mamão. É importante ressaltar, que grande parte destas mesmas culturas também tiveram mais amostras contaminadas no relatório de 2009.



Figura 4. Relatório do PARA  - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos - realizado em 26 Estados, durante o ano de 2010.
     Além dos problemas ambientais e contaminação das atuais e futuras gerações, os agrotóxicos ainda aumentam o custo de produção das lavouras e tornam os produtores dependentes destes insumos que são na maioria importados (52% do mercado dos agrotóxicos são dominados por 4 empresas - monopólio).

Uso seguro dos agrotóxicos é possível? O instrumento de controle do uso de agrotóxicos no País, o Receituário Agronômico, está completamente falido, o que contribui para que hoje o Brasil tenha se habituado a celebrar anualmente o aumento das vendas de agrotóxicos como sinal de progresso e condição indispensável para o aumento das safras. O pulverizador costal, equipamento de aplicação que representa maior potencial de exposição, é utilizado em 70% dos estabelecimentos que usam algum tipo de agrotóxico. Pelo menos 20% dos estabelecimentos que usam agrotóxicos, não utilizam EPI - equipamento de proteção individual (Figura 5), mesmo quando os produtores respondem que usam EPI para a aplicação dos agrotóxicos; muitas vezes o equipamento utilizado se resume à luvas e botas. O uso de agrotóxicos ocorre sem assistência técnica ou auxílio de equipamentos adequados de proteção em grande parte dos estabelecimentos agrícolas. Estudos relacionados aos impactos do manuseio dos agrotóxicos por trabalhadores indicam que mesmo com a utilização dos EPIs, a aplicação não é segura. Além do EPI, há uma série de outras exigências que qualificam aquilo que se chama de “uso seguro dos agrotóxicos”. Um dos pré-requisitos é o respeito ao que se chama de “período de carência”, após a aplicação do veneno, quando ninguém pode ingressar na área. Também a segurança dos EPIs é muito relativa, eles são muito desconfortáveis e quando muito baratos, mal acabados, incomodam. Outro problema recorrente é a absorção dos agrotóxicos pela pele: “O uniforme fica encharcado de agrotóxicos. E, em vez de ser lavado pela empresa, é levado para a casa do trabalhador e lavado junto com a roupa da família, como acontece muitas vezes, assim à família corre grandes riscos de ficar contaminada”.


Figura 5. Ainda hoje se faz aplicações de agrotóxicos sem nenhuma proteção

     Segundo a professora Raquel Rigotto (Figura 6),  o uso seguro de agrotóxicos é um mito!

                  Raquel Rigotto, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), participou como palestrante do Seminário Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos, realizado de 14 a 16 de setembro  de 2010 na Escola Nacional Florestan Fernandes – Guararema, São Paulo. Coordenadora do Núcleo Tramas – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, pesquisa a relação entre agrotóxicos, ambiente e saúde no contexto da modernização agrícola no estado do Ceará.
·              Em entrevista, ela defende o debate sobre uso de agrotóxicos como um tema estratégico e critica a ideia de que é possível utilizá-los de forma segura, devido aos seguintes fatores:
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Figura 6. Professora  Raquel Rigotto
ü  O receituário não funciona. Pode-se chegar numa agropecuária e comprar um veneno e usar conforme as  instruções;
ü  Há pouquíssimos laboratórios para análises (contaminação da água e pessoas); 450 ingredientes ativos de agrotóxicos registrados no Brasil em mais de 5.000 municípios;
ü  Assistência técnica deficiente: 5 milhões de estabelecimentos agrícolas (16 milhões de trabalhadores rurais, inclusive crianças com escolaridade baixa), conforme censo; maior assistência  é feita em propriedades maiores de 200 ha;
ü  Fiscalização deficiente: Como fiscalizar a forma correta de aplicar, o uso de EPI, a carência dos agrotóxicos e, o que é pior, aqueles não registrados e proibidos num país continental?
ü  DDA - Dose Diária Aceitável : “Quantidade diária segura para o consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos (mg/kg de peso da pessoa)”. A DDA nos leva a crer que podemos comer um pouco de veneno (“cientificamente calculada”) todos os dias;  Será que nós temos mecanismos biológicos, fisiológicos ou químicos capaz de garantir que não haverá danos à saúde se ingerirmos a DDA? Em geral, quem diz qual a  “dose diária aceitável” é a própria multinacional dos agroquímicos!

Consequências:  em função dos fatores relacionados acima, os problemas de saúde associados a contaminação por agrotóxicos dobraram na última década, pelo menos são os dados registrados no Estado de Santa Catarina.
Conclusão: Usando os agrotóxicos não resolvemos o problema da fome, nem o problema da qualidade dos alimentos e ainda estamos destruindo os recursos naturais necessários para a produção e, o que é pior, a nossa saúde!


É possível conceber uma agricultura que não utilize agrotóxicos?
A indústria tende a responder negativamente a esta questão, insistindo na idéia de que seus produtos serão cada vez mais seguros e que os problemas resultantes de sua aplicação resolvem-se com a elevação do nível técnico e educacional dos próprios agricultores.
Pela Constituição Federal (Artigo 225) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se  ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as atuais e futuras gerações.
Neste dia 11 de janeiro, devemos todos, sem exceção, refletir sobre a necessidade do uso de agrotóxicos. Mas como produzir sem o uso de agrotóxicos? A agricultura orgânica é uma das opções. A agricultura orgânica vai além das técnicas de cultivo, pois inclui elementos ambientais e humanos e busca a sustentabilidade da agricultura familiar resgatando práticas que permitam ao agricultor produzir sem depender de insumos como agrotóxicos e fertilizantes químicos. É um modo de vida que busca resgatar e valorizar o conhecimento tradicional da agricultura de base familiar. Pesquisas realizadas no mundo inteiro comprovam que é possível produzir alimentos orgânicos com boa qualidade e, que não deixam nada a desejar em relação à produtividade e,  o que é melhor, com a vantagem de serem mais nutritivos, mais baratos e, ainda sem riscos para a saúde das pessoas e ao meio ambiente e, sem compromete as atuais e futuras gerações! 

Postado do blog "AGRICULTURA ORGÂNICA".