Impostômetro

8 de junho de 2014

CURSO DE EXTENSÃO EM HORTICULTURA ORGÂNICA

Divulgando um Curso de Extensão em Agricultura Orgânica no Blog 100% Agroecologia......

HORTICULTURA ORGÂNICA

Professora:
Claudia Araújo Moreira 
Graduação: Agronomia
Pós-Graduação: Doutora em Agronomia/Horticultura

Objetivos:
Capacitar os alunos em horticultura orgânica, com entendimento sobre: a Agricultura Orgânica; legislação; preparo do solo; cultivo de hortaliças; tratos culturais; controle de pragas e doenças e comercialização.
Ao final do curso os alunos devem ser capazes de montar uma horta orgânica, desde o levantamento dos canteiros à elaboração dos adubos orgânicos, dos preparados e caldas para controle de pragas, estabelecer espaçamentos e plantar as sementes, transplantar as mudas e plantar diretamente as demais hortaliças.

Conteúdo Programático:
  • Introdução à Agricultura Orgânica                                               
  • Conservação e características do solo orgânico                                                                                                                                              
  • Importância da Matéria Orgânica e da microbiana no solo            
  • Fertilidade do solo e nutrição vegetal de hortaliças orgânicas        
  • Desequilíbrio nutricional e teoria da trofobiose                            
  • Necessidade de nutrientes pelas hortaliças orgânicas                     
  • Adubação verde, compostagem, bokashis e biofertilizantes              
  • Controle de plantas espontâneas, de pragas e de doenças               
  • Grupos de hortaliças e especificidades para o cultivo orgânico       
  • Formação de mudas                                                                                   
  • Fabricação de defensivos naturais                                                 
  • Plantio de hortaliças                                                                      
  • Fabricação de biofertilizantes e bokashis  
  • Colheita       

Metodologia:
Aulas expositivas ministradas de forma teórica com auxílio de recursos multimídia e aulas práticas, no local do curso e em propriedades orgânicas da ADAO-GO, em Goiânia.
As aulas expositivas permitem dinamizar o conteúdo proposto e facilita a concentração dos alunos, no ambiente fechado, sendo necessárias à boa apreensão do conteúdo, enquanto as aulas práticas permitem ao aluno, ver na prática como fazer ou aplicar determinada tecnologia do processo produtivo, o que o ajuda a experimentar, facilitando de outra forma o aprendizado. 

Público-Alvo: Comunidade interessada

Carga Horária: 24 horas
Vagas: 20

Horário do curso: sábado, das 8h às 12h, aulas quinzenais
Cronograma: 
março, dias: 15; 29
abril, dias: 12; 26
maio, dia: 10 - Aula em campo: Chácara dos Maximo´s
Rodovia  GO-080 (no sentido para Nerópolis),  km 07, Condomínio Parque dos Cisnes, Chácara dos Maximo´s, Goiânia-GO.

(Para a visita técnica as despesas serão de responsabilidade do aluno)

Locais: 
Dia 29/03/2014 - Auditório 3 - Bloco D - Área II
Dias 12 e 26/04/2014 - Auditório 2 - Bloco D - Área II
Ponto de referência da Área II -Paróquia São João Evangelista 
Matrículas até dia 28/03/2014

Investimento: R$ 220,50 (a vista) e R$ 245,00 (Parcelado)
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

Certificado de conclusão válido para contagem de horas complementares 
*Boleto disponível para pagamento

Guia da Horta Orgânica


guiahorta
HORTA FAMILIAR OU ESCOLAR 
Para implantação de uma horta orgânica em pequenas áreas pode-se considerar o calculo de 10 m2  por pessoa e que uma hora de trabalhos diários possibilita a manutenção até 100 m2 de área trabalhada.
Para início da produção é importante realizar um planejamento. Nele deve-se definir os espaços a serem utilizados e o tipo de produção pretendida. Descrevemos no item Instalação da horta, algumas instalações indispensáveis à implantação de uma horta orgânica.
O planejamento da produção se refere à escolha dos produtos pretendidos, verificando-se época de plantio, variedades adaptadas, escalonamento de produção, consórcios, ciclos das culturas, exigências e tratos culturais necessários, assuntos que trataremos mais adiante.
Em uma horta conduzida no sistema orgânico, e necessário inicialmente tomar conhecimento sobre dados regionais como clima, tipo de solo, proximidade com áreas florestadas, fauna existente, e outras. Todos estes fatores são relevantes para a condução de um plantio que deve interagir com o meio ambiente em que se insere.  
clima3O clima, por exemplo, é determinante na adaptação de certas culturas e deve ser levado em consideração na seleção de variedades. As diferenças entre estações, quanto a temperatura e pluviosidade devem ser verificados, servindo como base para um calendário de épocas de plantio.    
O tipo de solo é o fator mais relevante a ser considerado para a produção. O solo deve ser encarado como um organismo vivo, que interage com a vegetação em todas as fases de seu ciclo de vida. Devem ser analisados os aspectos físico, químico e biológico dos solos.
O aspecto físico do solo se refere à sua textura e sua estrutura. A textura de um solo se relaciona ao tamanho dos grãos que o formam. Um solo possui diferentes quantidades de areia, argila, matéria orgânica, água, ar e minerais. A forma como estes componentes se organizam, representa a estrutura do solo. Um solo bem estruturado deve ser fofo e poroso permitindo a penetração da água e do ar, assim como de pequenos animais, e das raízes.
O aspecto químico se relaciona com os nutrientes que vão ser utilizados pelas plantas. Esses nutrientes, dissolvidos na água do solo (solução), penetram pelas raízes das plantas. No sistema orgânico de produção os nutrientes podem ser supridos através da adição de matéria orgânica e compostos vegetais.
O aspecto biológico trata dos organismos vivos existentes no solo, e que atuam nos aspectos físicos e químicos de um solo. A vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água e de nutrientes. Um solo com presença de organismos vivos indica boas condições de estrutura do solo. Os microorganismos do solo são os principais agentes de transformação química dos nutrientes, tornando-os disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.
A matéria orgânica é um dos componentes de um solo e atua como agente de estruturação, possibilitando a existência de vida microbiana e fauna especifica, além de adicionar nutrientes à solução do solo.           
Os solos no Brasil em geral são ácidos sendo recomendável, sempre, iniciar a correção do solo com a aplicação de calcário, de preferência o dolomítico que, além de conter cálcio, tem magnésio. O calcário deve ser aplicado dois meses antes do plantio.  
No Brasil os solos também sofrem de deficiência de fósforo. De acordo com o resultado da amostra do solo é bom aplicar adubo fosfatado. As principais fontes de fósforo são Fosfato de Araxá, termofosfatos e farinha de ossos.
Para esclarecer, existem dois tipos básicos de nutrientes:   
folhinha2Macronutrientes - Fósforo, potássio, nitrogênio, cálcio, magnésio e enxofre – estes são exigidos em maiores quantidades pelas plantas.   
folhinha21micronutrientes – boro, cloro, cobre, cobalto, vanádio, sódio, ferro, manganês, molibdênio e zinco, são utilizados em quantidades ínfimas pelas plantas, mas possuem importância vital. 
Alguns tipos de adubo orgânico fornecem nutrientes específicos, por exemplo, cinzas de madeira são ricas em potássio, cálcio e magnésio.
A proximidade com áreas florestadas é um fator que está relacionado ao equilíbrio ecológico regional de modo mais geral e, mais precisamente, à presença de espécies da fauna que podem interagir com o plantio. Aves e insetos são componentes da cadeia que vai ser gerada a partir de um plantio orgânico.
INSTALAÇÃO DE UMA HORTA 
O local de instalação da horta deve ser de fácil acesso, maior insolação possível, água disponível em quantidade e próxima ao local. Não devem ser usados terrenos encharcados. O terreno pode ser plano, em áreas inclinadas os canteiros devem ser feitos acompanhando o nível, cortando as águas.
Os canteiros devem ser feitos na direção norte-sul, ou voltados para o norte para aproveitar melhor o sol.
No local da horta não é aconselhável a entrada de galinhas, cachorros, coelhos.
Dentro da horta deve haver uma pequena divisão de áreas para facilitar o manejo. Deve-se reservar uma área para sementeira; área de canteiro; área para guardar ferramentas e insumos; área para preparo ou armazenamento de composto ou húmus;
Recomenda-se que seja coletada uma amostra de solo e enviada para analise. A amostra de solo pode ser coletada por técnicos da EMATER, técnicos agrícolas ou engenheiro agrônomo ou pelo proprietário desde que seguidas as instruções de coleta. O resultado de uma analise de solo representa as características do seu tipo de solo. Estes dados são a base para a recomendação correta de adubação, no presente caso adubação orgânica, necessária para obtenção de hortaliças saudáveis e resistentes.  
A sementeira ocupa aproximadamente 1% da área da horta, deve ficar em local alto, seco e ensolarado. Pode também ser um canteiro comum, com cobertura contra sol e chuvas fortes.
sementeira é usada para germinação das sementes de hortaliças que possam ser transplantadas.As sementes de hortaliças de modo geral são pequenas e exigem cuidados especiais como solo rico em nutrientes, peneirado, regas diárias, abundante mas não excessiva, sol indireto, profundidade correta de semeio.
Existem insumos prontos que facilitam o trato da sementeira, tais como substrato orgânico e bandejas de isopor para acondicionar as mudas com tamanhos e numero de células variáveis. As mudas podem ser produzidas em caixotes, em copos de café, ou ainda em um canteiro feito especialmente para este fim, de acordo com as condições descritas.
Os canteiros devem ser feitos com enxada, trabalhando-se a terra a uma profundidade de 40 a 50 cm. Este trabalho pode ser mecanizado. A profundidade da terra trabalhada tem relação com o desenvolvimento das raízes.  
Os canteiros podem ser simplesmente levantados em relação ao nível do solo, em 30 a 40 cm. Os canteiros feitos com elevação do solo possuem drenagem natural, podem ser constantemente revirados, mas em solos arenosos não vão manter sua forma. Os canteiros podem também ser cercados por tijolos ou tabuas ou construídos em alvenaria. Ao construir canteiros é necessário estar atento para assegurar a drenagem deixando passagem para o excesso de água, o que inclui um dreno na parte inferior da parede do canteiro e uma camada de pedras, pequena a médias, recobrindo a totalidade do fundo. Canteiros construídos duram mais tempo.
As dimensões de um canteiro podem variar. A largura deve possibilitar o trabalho no canteiro de um só lado- onde alcance o braço- até 1 metro a 1,20 metros.
O comprimento deve se adaptar à área disponível não devendo ultrapassar 10 metros, o que dificultaria a circulação entre os canteiros.
Entre canteiros devem ser deixadas ruas com 40 a 50 centímetros de largura para circulação. Caso se utilize carrinho de mão, deixar a largura necessária para a passagem.  
ferramentaAlgumas ferramentas indispensáveis para uma horta são: carrinho de mão, enxada, enxadão, pá, ancinho, sacho, colher de muda, plantador, regador ou mangueira ou sistema de irrigação, tesoura de podar, barbante ou arame. Podem ainda ser necessários bomba costal e nível A, este último para delimitação de curvas de nível em áreas com declividade.  
Como se trata de horta orgânica falaremos um pouco sobreadubação orgânica e produção de composto. Como já dissemos é necessário deixar uma área dentro da horta para armazenar ou produzir a adubação.
Chama-se adubação orgânica o uso de material vegetal e animal utilizado como insumo na produção agrícola. A matéria orgânica, quando aplicada dentro das técnicas e sendo de boa qualidade é um dos principais agentes de estruturação dos solos. A aplicação de matéria orgânica no solo atua na estrutura do solo, na manutenção e desenvolvimento da vida microbiana do solo, no aporte de nutrientes. Um solo bem estruturado possui maior resistência à compactação e à erosão.
A adubação orgânica pode ser usada em forma de composto, húmus de minhoca, de esterco curtido, adubação verde com leguminosas ou outras. Ela é importante também para cobrir o solo em lugares muito quentes ou muito frios, protegendo as raízes e mantendo a umidade.
O uso de adubo orgânico nos plantios deve ser feito com material curtido. Uma terra desgastada deve receber, gradativamente, matéria orgânica suficiente para incentivar o retorno da fauna do solo.
imagcompostagemcompostagem é uma técnica que facilita o manejo do esterco, reduz o volume de material, a perda de Nitrogênio e outros nutrientes após a aplicação; elimina sementes de ervas daninhas, insetos; conserva o esterco até que a aplicação seja necessária.
O nome composto vem da mistura de materiais usados em sua fabricação. Um composto bem feito possui matéria orgânica transformada em húmus e atua no solo como uma cola entre os pequenos pedaços de terra, melhorando sua estrutura e dá condições ao solo de armazenar maior quantidade de água, de ar, e de nutrientes, que alimentarão as plantas. 
O ideal é no primeiro ano usar dois kilos de composto por metro quadrado de canteiro. O canteiro poderá ser usado até três vezes num ano, repetindo-se o uso do composto em cada plantio. 
Uma vez organizada a área deve-se proceder ao planejamento da produção.
Este tem início com a escolha dos produtos a serem cultivados.
Hortaliças são espécies vegetais cultivadas em pequenos espaços, em geral com ciclo curto de vida, exigentes em água e nutrientes. A reprodução das hortaliças pode ser através de sementes, brotos, ramas, bulbilhos.
Há sementes disponíveis no mercado de boa qualidade. Ao comprá-las é importante verificar os dados de validade, pureza e % de germinação. Como estas sementes são melhoradas geneticamente possuem características especificas como época de plantio e ciclo de colheita. Estas informações devem ser bem avaliadas. Por exemplo, há cenouras apropriadas para plantio de inverno e de verão.
As variedades devem ser escolhidas de acordo com as condições ambientais da área e plantio. Uma boa idéia é escolher duas variedades de uma hortaliça, plantá-las na mesma época e “pesquisar” sobre o desenvolvimento de cada uma delas. A escolha da melhor variedade está relacionada a: taxa de germinação, desenvolvimento da planta, resistência a ataque de pragas e doenças, produtividade, aspecto do produto final, sabor.  
Em uma horta podem ser plantadas diferentes tipos de hortaliças. Como exemplo citamos alguns, agrupando-os pela parte comestível mais utilizada:   
folhinha23hortal1Raízes: Cenoura, rabanete, batata doce    
folhinha24 Bulbos: alho, cebola, beterraba 
folhinha25 Folhas: Alface, almeirão, chicória, couve,
              espinafre, repolho
folhinha26 Frutos: Berinjela, tomate, pepino, pimentão, jiló, quiabo,
              abóbora, feijão-vagem
folhinha27 Flores: Couve-flor, brócolis   
folhinha28 Ervas: hortelã, manjericão, alecrim, mostarda, orégano,
             cebolinha, salsa, coentro
Cada hortaliça possui características próprias quanto ao ciclo de vida, época preferencial de plantio, necessidade de água, exigências nutricionais. Por exemplo,  na época das chuvas muitas vezes temos problemas com encharcamento do solo, dificultando colheita de raízes e bulbos.
Existem bons calendários de plantio à disposição em livros de horticultura. Citaremos rapidamente umcalendário de plantio: 

Mês

                                        Espécie

ano todo
abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, berinjela, beterraba, cebolinhas, cenoura, chicória, couve manteiga, espinafre, feijão-vagem, jiló, milho, mostarda, pepino, rabanete, rúcula e salsa.  
 
Janeiro
semear alface, agrião, aipo, couve, rabanete, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, chicória, espinafre, batata-doce, salsa e coentro em locais com clima ameno e chuvas leves. Em clima quente semear as culturas de ano todo.
 
Fevereiro
semear rabanete e alface, transplantar o que foi semeado em sementeira.  
 
Março
semear direto no canteiro cenoura, almeirão, salsa, alho, e nas sementeiras alface, chicória, espinafre, salsão, couve-flor, brócolis e repolho. Deve-se estar atento para seleção de variedades uma vez que as culturas semeadas nesta época se desenvolverão em clima de inverno.
 
Abril
semear direto no canteiro agrião, almeirão, beterraba, nabo, salsa, alho, rúcula, chicória, salsão, semear na sementeira , chicória, salsão, couve-flor, brócolis e repolho de inverno, e espinafre.  
 
Maio
semear nos canteiros rabanete, cenoura, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, salsa, chicória, salsão, espinafre, couve-flor, brócolis, e repolho de inverno. Semear em sementeira alface.  
 
Junho
Plantio direto no canteiro de almeirão, cenoura, nabo, beterraba, rúcula, alho. Na sementeira chicória, agrião, couve-flor, brócolis e repolho de inverno.  
 
Julho
Semear nos canteiros almeirão, rúcula, alho. Na sementeira semeia-se  alface, rabanete, chicória, beterraba.
 
Agosto
Começa-se a selecionar variedades de verão para as que podem ser plantadas o ano todo, de acordo com o clima local. Em sementeira plantar jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate
 
Setembro
semear alface, rabanete, cenoura, couve-flor, brócolis. Continua plantio de jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate e ainda abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, salsa e coentro.
 
Outubro
semear cenoura, couve-flor, brócolis, repolho, pimentão, tomate, berinjela, jiló, abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, mandioquinha, salsa, batata-doce, coentro.  
 
Novembro
semear alface, rabanete, cenoura, brócolis, repolho, couve-flor, batata-doce, coentro.
 
Dezembro
semear abobrinha, feijão de vagem, pepino, cenoura e repolho.

bcalend  No Planeta Orgânico há uma tabela na página /calendário.

É importante organizar o semeio de acordo com o que se pretende colher. Para isso devem-se analisar dados de cada cultura.
Por exemplo: alface tem ciclo que pode variar de 35 dias no verão a até 60 dias no inverno. Um canteiro com 5 metros de comprimento e 1,20 metros de largura resultam em 6 m2 de canteiro, o espaçamento da alface sendo de 25 x 25 cm, resulta em 96 plantas por canteiro. Se um canteiro for semeado em um único dia, haverá uma colheita de aproximadamente 96 pés em, no máximo, uma semana, uma vez que a alface tem ciclo curto e pode “passar” do ponto de colheita neste tempo.  
Isto é diferente para outras culturas que podem permanecer bastante tempo no canteiro com a colheita estendendo-se por mais de um mês, como a couve, berinjela, cenoura, brócolis, jiló, cebolinha, salsa entre outras.
De acordo com o que se pretende colher, aconselha-se que sejam realizados plantios semanais de alface, chicória, ervilha, rúcula, rabanete.
Deve-se ainda levar em consideração o ciclo da cultura: se quer milho verde para a festa junina, deve plantá-lo cerca de 3 meses antes.      
Os tratos culturais necessários para a manutenção de uma horta serão descritos, e é necessário estar atento ao desenvolvimento de cada cultura no campo para se detectar o momento correto de serem aplicados.
folhinha29Cuidados na sementeira – Na sementeira prepara-se a muda que vai para o campo. É uma época de muitos cuidados porque uma muda saudável gera um planta produtiva. Na sementeira a terra deve ser limpa de doenças e sementes de outras ervas para evitar doenças e competição; deve-se dar preferência a solos arenosos, onde a germinação das sementes é mais fácil e evita-se o encharcamento. A sementeira deve ser coberta para evitar a incidência direta de raios solares e chuva. A cobertura pode ser feita com palha, bambu, tela, plástico.   
folhinha29Transplantes – é a passagem da muda da sementeira para o canteiro e só pode ser realizada quando a planta já tem folhas definitivas e raiz desenvolvida. Não confundir as folhas definitivas com as primeiras folhas que surgem. A época de transplante varia para cada cultura, mas pode-se tomar como regra que a muda tenha entre 4 e 8 folhas definitivas.   
folhinha29Rega - A irrigação é responsável pelo aporte de água ao plantio. A água tem funções diversas como fornecer água para germinação da semente, desenvolvimento da planta, solubilizar os nutrientes do solo para disponibilizá-los para as plantas. Existem vários tipos de irrigação; em pequenas áreas recomenda-se o uso de mangueira, regador ou ainda sistema de irrigação por aspersão. Plantas de ciclo curto e pequeno porte são mais sensíveis à falta de água. A fase de sementeira exige regas diárias, sendo aconselhável que seja feita duas vezes ao dia. A irrigação deve ser realizada, sempre, nas horas mais frescas do dia. Uma forma de determinar a necessidade de rega é verificar qual a umidade do solo a uma profundidade media de 10 cm.   
folhinha29Rotação de culturas – ao planejar um canteiro, deve-se evitar o plantio sucessivo de uma mesma cultura, assim como plantas da mesma família. A rotação reduz a chance de aparecerem doenças e pragas e possibilita um melhor aproveitamento dos nutrientes disponíveis. Uma boa seqüência a ser utilizada é: folha, raiz, flor, fruto (exemplo: alface, cenoura, brócolis, berinjela). Este método possibilita ainda o plantio sem necessidade de refazer o canteiro, utilizando-se apenas adubação de plantio.   
imagalelopatiafolhinha29Associação de culturas – algumas plantas gostam da companhia de outras: são as companheiras. Para maiores detalhes, acesse a página Alelopatia.
folhinha29Cobertura morta – utilizada para proteger o solo contra a chuva e o sol. Nos solos argilosos evita formação de crostas duras na superfície. Em solos arenosos aumenta a retenção de água no solo. Também evita a presença de ervas invasoras. Pode ser feita com palha, capim cortado, casca de arroz ou outro material disponível. Não deve ser incorporado ao solo. 
folhinha29Controle de ervas – as ervas invasoras tem aspectos positivos e negativos para o desenvolvimento da cultura. São positivos a atração de insetos, a cobertura do solo, a produção de massa verde que pode ser usado na compostagem. São negativos a competição por água e nutrientes e insolação. As ervas devem ser controladas quando se verificar competição (exemplo, o mato está mais alto que a cultura plantada). 
folhinha29Adubação verde – consiste no plantio de leguminosas junto, ou antes, da cultura pretendida. A adubação verde melhora o solo, trazendo nutrientes de partes mais profundas, elimina nematódeos, cobre o solo com muita massa verde e incorpora ao solo o nitrogênio que as leguminosas captam do ar. Tipos de leguminosas mais usados: guandu, mucuna-preta, mucuna-anã, feijão de porco, puerária e leucena. Estas plantas podem ser usadas em rotação nos canteiros, associadas ao milho ou em terras em descanso. Podem ainda ser aproveitadas para alimentação animal, humana (guandu) e como lenha (guandu). Em solos compactados convém anteceder o plantio da horta com cultivo de leguminosas. 
folhinha29Adubação – efere-se ao aporte de nutrientes às plantas, que é feita pela aplicação de adubos orgânicos ou químicos na terra. O adubo se dissolve na água do solo e penetra pelas raízes. Pode-se realizar adubação de plantio e de cobertura. Adubo de plantio é aplicado no canteiro antes do plantio. Adubo de cobertura é usado nas fases posteriores,  quando a planta precisa de força para formar cabeça, frutificar, rebrotar ou amadurecer os frutos ou até para aumentar o tamanho e o número de folhas em culturas de ciclo mais longo. Para uma horta orgânica a adubação tem como base o composto, húmus, ou qualquer outro adubo orgânico maduro.   
folhinha29Desbaste – no plantio definitivo é necessário diminuir o número de plantas no canteiro possibilitando um maior desenvolvimento das plantas que ficam.   
folhinha29Amontoa – juntar terra no pé das plantas (para couve, brócolis, beterraba, e outras). 
folhinha29Estaqueamento – suporte para plantas trepadeiras; usado para ervilha, feijão vagem, tomate, pepino. Pode também utilizar a cerca da horta ou pés de milho já colhidos. 
folhinha29imagcontdepragasControle de pragas – considera-se praga o ataque de inseto que cause danos sérios a plantação ou reduza a produção. Não há necessidade de controle enquanto não há dano. Os ataques podem ainda ser minimizados com a rotação de culturas, plantas bem nutridas, presença de inimigos naturais (joaninha, pássaros). O controle pode ser feito através de produtos como biofertilizante,pasta de sabão ou preparados a base de plantas.
  
COLHEITA e ARMAZENAMENTO
A colheita é uma atividade que varia de acordo com a cultura. A colheita de frutos é feita quando estes estão maduros, de vez, ou dependendo do produto, ainda verdes. Folhas podem ser colhidas através da retirada total da planta ou de algumas folhas apenas.
Os melhores horários de colheita são os de temperatura mais baixa quando os vegetais perdem menos água, o ideal é antes do sol forte, para folhas; e no final da tarde para raízes.
Após a colheita as hortaliças continuam perdendo água o que pode levar ao murchamento ou desidratação do seu produto. Conservar os produtos em locais frescos mantendo-os úmidos é a melhor forma de conserva-los. Em locais frios ou geladeira os alimentos se conservam melhor.
Para melhor apresentação, conservação e higiene as verduras devem ser lavadas em água corrente e retirados todos os restos de terra, folhas secas, ou outras impurezas.
poscolh2
No Planeta Orgânico há uma série sobre Pós Colheita



A agricultura camponesa e ecológica pode alimentar o mundo?

Por Esther Vivas
Do  Publico.es*


Calcula-se que a população mundial, em 2050, chegará aos 9,6 bilhões de habitantes, segundo um relatório das Nações Unidas. O que significa 2,4 bilhões a mais de bocas para alimentar. Diante destes números, existe um discurso oficial que afirma que para dar de comer para tantas pessoas é imprescindível produzir mais. No entanto, é necessário nos perguntarmos: Hoje, falta comida? Cultiva-se o bastante para toda a humanidade?


Atualmente, no mundo, “são produzidos alimentos suficientes para dar de comer para até 12 bilhões de pessoas, segundo dados da FAO”, afirmava Jean Ziegler, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, entre os anos 2000 e 2008. E recordemos que o planeta é habitado por 7 bilhões. Sem contar que todo dia é jogada 1,3 bilhão de tonelada de comida, em escala mundial, um terço do total que se produz, conforme um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Segundo estes dados, comida não falta.


Os números demonstram que o problema da fome não é por causa da escassez de alimentos, apesar de alguns se empenharem em afirmar totalmente o contrário. O próprio Jean Ziegler dizia: “As causas da fome são provocadas pelo homem. Trata-se de um problema de acesso, não de superpopulação”. Em definitivo, é uma questão de falta de democracia nas políticas agrícolas e alimentar. De fato, na atualidade, estima-se que quase uma em cada oito pessoas no mundo passa fome, de acordo com os dados da FAO. A aberração da fome atual é que ocorre em um planeta da abundância de comida.


Então, por que há fome? Por que muitas pessoas não podem pagar o preço cada dia mais caro dos alimentos, seja aqui ou em países do Sul. Os alimentos se tornaram uma mercadoria e se você não pode pagar por ela, preferem jogar a dar para comer. Do mesmo modo, os cereais não são produzidos apenas para alimentar as pessoas, mas também os carros, como os agrocombustíveis, e os animais, criação que necessita de muito mais energia e de recursos naturais do que se, com esses cereais, a pessoas forem alimentadas diretamente. Produz-se comida, mas uma grande quantidade dela não vai para o nosso estômago. O sistema de produção, distribuição e consumo de alimentos está organizado unicamente para dar dinheiro para aquelas empresas do agronegócio, que monopolizam do início ao fim a cadeia agroalimentar. Eis, aqui, a causa da fome.


Por conseguinte, por que alguns continuam insistindo em que é preciso produzir mais? Por que nos dizem que é preciso uma agricultura industrial, intensiva e transgênica que nos permita alimentar o conjunto da população? Querem nos fazer acreditar que as causas da fome serão a solução, mas isto é falso. Mais agricultura industrial, mais agricultura transgênica, como já se demonstrou, significam mais fome. Existe muita coisa em jogo, quando falamos de comida. As grandes empresas do setor sabem muito bem disso. Daí que o discurso hegemônico, dominante, diz-nos que elas têm a solução para a fome mundial, quando na realidade são aquelas, com suas políticas, que a provocam.


Outro paradigma agroalimentar


Diante do que vimos, o que podemos fazer? Quais alternativas há? Se todos nós queremos comer e comer bem, é necessário apostar por outro modelo de alimentação e agricultura. Antes, afirmávamos que agora há comida suficiente para todos. Isto é assim, com uma dieta diferente, com muito menos consumo de carne do que a dieta ocidental atual.


Nossa “adição” à carne faz com que precisemos de muito mais água, cereais e energia para produzir comida, para engordar o gado, do que se nossa dieta fosse mais vegetariana. Calcula-se, segundo o Atlas da Carne, que 1/3 das terras de cultivo e 40% da produção de cereais no mundo são destinadas para alimentá-los. Tornar compatível a vida humana com os limites e recursos finitos do planeta terra também passa pelo questionamento do que comemos.


Além disso, outro tema se apresenta, caso se proponha prescindir de uma produção de alimentos industrial, intensiva, transgênica, que alternativa temos? A agricultura camponesa e ecológica pode alimentar o mundo? Cada vez são mais as vozes que dizem “sim”.


Uma das mais reconhecidas é a de Olivier de Schutter, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, entre os anos 2008 e 2014, que afirmava em seu relatório, “A agroecologia e o direito à alimentação”, apresentado em março de 2011, que “os pequenos agricultores poderiam duplicar a produção de alimentos em uma década, caso utilizassem métodos produtivos ecológicos” e acrescenta: “faz-se imperioso adotar a agroecologia para colocar fim à crise alimentar e ajudar a enfrentar os desafios relacionados com a pobreza e a mudança climática”.


Segundo De Schutter, a agricultura camponesa e ecológica é mais produtiva e eficiente e garante melhor a segurança alimentar das pessoas do que a agricultura industrial:


“A evidência científica demonstra que a agroecologia supera o uso dos fertilizantes químicos no fomento da produção de alimentos, sobretudo nos entornos desfavoráveis onde vivem os mais pobres”. O relatório “A agroecologia e o direito à alimentação”, a partir da sistematização de dados de vários estudos de campo, deixava claro: “Em diversas regiões, desenvolveram-se e foi provado com excelentes resultados técnicas muito variadas, baseadas na perspectiva agroecológica. (...) Tais técnicas, que conservam recursos e utilizam poucos insumos externos, tem um potencial comprovado para melhorar significativamente os rendimentos”.


Um dos principais estudos, dirigido por Jules Pretty, e citado neste relatório da ONU, analisava o impacto da agricultura sustentável, ecológica e camponesa em 286 projetos de 57 países pobres, em um total de 37 milhões de hectares (3% da superfície cultivada em países em desenvolvimento), e suas conclusões não deixam dúvidas: a produtividade destas terras, graças à agroecologia, aumentou em 79% e a produção média de alimentos cresceu em 1,7 toneladas anuais (até 73%). Posteriormente, a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) tomaram de novo estes dados para analisar o impacto da agricultura ecológica e camponesa, especificamente nos países africanos. Os resultados ainda foram melhores: o aumento médio das colheitas nos projetos na África foi de 116% e na África Oriental de 128%. Outros estudos científicos, citados no relatório “A agroecologia e o direito à alimentação”, chegavam às mesmas conclusões.


Além disso, a agricultura ecológica e camponesa não apenas é altamente produtiva, inclusive mais do que a agricultura industrial, especialmente nos países empobrecidos, mas, como afirmavam os estudos anteriormente citados, também cuida dos ecossistemas, permite “conter e inverter a tendência na perda de espécies e a erosão genética” e aumenta a resiliência à mudança climática. Como também dá maior autonomia ao campesinato. “Ao melhorar a fertilidade da produção agrícola, a agroecologia reduz a dependência dos agricultores dos insumos externos e das subvenções estatais”.


Mais apoios


Outro importante relatório que aponta nesta direção são as conclusões a que chegou um dos principais processos intergovernamentais realizados para avaliar a eficácia das políticas agrícolas: a Avaliação Internacional do papel do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia em Desenvolvimento Agrícola (IAASTD, em suas siglas em inglês). Uma iniciativa estimulada, em um primeiro momento, pelo Banco Mundial e a FAO, e que contou com o seu patrocínio e de outras organizações internacionais como o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o PNUMA, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).


O objetivo desse processo era avaliar o papel do conhecimento, a ciência e a tecnologia agrícola na redução da fome e da pobreza no mundo, a melhora dos meios de subsistência nas zonas rurais e a promoção de um desenvolvimento ambiental, social e econômica sustentável. A avaliação, realizada entre os anos 2005 e 2007, contou com uma direção integrada por representantes de governos, ONGs, grupos de produtores e consumidores, entidades privadas e organizações internacionais, com um claro equilíbrio geográfico, com a participação de 400 especialistas mundiais para realizarem este estudo, que incluía uma avaliação mundial e cinco de regionais.


Suas conclusões marcaram um ponto de inflexão, já que pela primeira vez um processo intergovernamental destas características, e patrocinado por estas instituições, realizava uma aposta clara e firme na agricultura ecológica e destacava sua alta produtividade. Em concreto, o relatório afirmava que “o aumento e o fortalecimento dos conhecimentos, a ciência e a tecnologia agrícola, orientados para as ciências agroecológicas, contribuirão para resolver questões ambientais, ao mesmo tempo em que mantém e aumenta a produtividade”.


Desse modo, considerava que a agricultura ecológica era uma alternativa real e viável à agricultura industrial, que garantia melhor a segurança alimentar das pessoas e que era capaz de reverter o negativo impacto ambiental desta última. O relatório dizia: “A pegada ecológica da agricultura industrial já é muito grande para ignorá-la (...). As políticas que promovem uma adoção mais rápida de soluções de eficácia (...) para a mitigação e a adaptação à mudança climática podem contribuir para frear ou inverter esta tendência e, ao mesmo tempo, manter uma adequada produção de alimentos. As políticas que promovem práticas agrícolas sustentáveis (...) estimulam uma maior inovação tecnológica, como a agroecologia e a agricultura orgânica, para aliviar a pobreza e melhorar a segurança alimentar”.


Os resultados da IAASTD consideravam, igualmente, a agricultura industrial e intensiva como geradora de “desigualdades”, acusavam-na pelo “manejo insustentável do solo ou da água” e de práticas baseadas na “exploração trabalhista”. A avaliação concluía que “as variedades de cultivos de alto rendimento, os produtos agroquímicos e a mecanização beneficiaram principalmente aos grupos dotados de maiores recursos da sociedade e corporações transnacionais, e não aos mais vulneráveis”. Algumas afirmações inéditas, até o momento, no panorama internacional, por parte de instituições e governos.


Este relatório, com estas conclusões, foi aprovado pelas autoridades de 58 países em uma assembleia plenária intergovernamental, em abril de 2008, em Johanesburgo, em que mostraram acordo e avaliaram os resultados. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália, como não é surpresa para ninguém, negaram-se a subscrever esta avaliação e mostraram reservas e desconformidades à totalidade.


Conclusão


Os relatórios de Olivier de Schutter, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, e daIAASTD destacam, sem ambiguidades, a alta capacidade produtiva da agricultura camponesa e ecológica, igual ou superior, dependendo do contexto, à agricultura industrial. Ao mesmo tempo, consideram que esta permite um maior acesso aos alimentos, por parte das pessoas, ao apostar em uma produção e uma comercialização local. Além disso, com suas práticas respeita, conserva e mantém a natureza. O "mantra" de que a agricultura industrial é a mais produtiva e de que é a única que pode dar de comer à humanidade demonstra-se, com base nestes estudos, totalmente falso.


Na realidade, a agricultura camponesa e ecológica não só pode alimentar o mundo, como também é a única capaz de fazer isso. Não se trata de um retorno romântico ao passado, nem de uma ideia bucólica do campo, mas, sim, de fazer confluir os métodos campesinos de ontem com os saberes do amanhã e de democratizar radicalmente o sistema agroalimentar.


*A tradução é doCepat.