Melancia
Originária da África Tropical, a melancia (Citrullus lanatus
L.) tem a forma selvagem encontrada em muitas regiões de clima
tropical e subtropical, sendo o fruto redondo e pequeno. A espécie
pertence a família das curcubitáceas, assim como a abóbora, moranga,
pepino, chuchu e melão. É uma planta rasteira, com folhas grandes e flores pequenas, de cor amarela. O fruto é arredondado ou alongado, com tamanho variável entre 25 e 75cm.
A casca é lisa, lustrosa, verde clara ou verde escura, com estrias de um verde mais forte no sentido do comprimento (Figura 1). A planta
tem caule rasteiro e ramificado. As folhas são ovais, subdivididas em
três lobos, apresentando estruturas em espiral, presas ao caule,
denominadas "gavinhas". A polpa é abundante com cor que varia de
branco-rósea, amarelada, avermelhada ou purpúrea, com as sementes
avermelhadas ou pretas. Há uma variedade de melancia, conhecida como melancia japonesa ou kodama, que tem polpa amarela.
Figura 1. Hortaliça-fruto: melancia
Propriedades nutricionais e terapêuticas: Embora
constituída em sua maior parte de água, com pouquíssimas calorias (25 a
30 kcal em 100g), a melancia é nutritiva, pois fornece vitaminas A e
C, e sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro e potássio. A
melancia, assim como o melão, têm alto teor de biovlafonóides,
carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o
câncer e outras doenças. A melancia contém licopeno, um carotenoide que
parece reduzir o risco de câncer de próstata. Em geral, a melancia é
consumida ao natural, como sobremesa, principalmente no verão. Com sua
polpa é possível fazer um excelente suco. Tem propriedades hidratantes
(contém cerca de 90% de água). Essa polpa é, também, bastante aquosa,
sendo a proporção de água ainda superior à dos melões. Em situações de extremo calor, nada melhor do que uma melancia fresca para repor os líquidos perdidos pela transpiração. Sem dúvida nenhuma, esta é a melhor ocasião e maneira de saboreá-la. Por
esse motivo, a melancia é uma das frutas mais refrescantes existentes,
superando o melão, por ser menos indigesta. As sementes da melancia são
um alimento de grande valor, pois contêm muitos sais minerais,
vitaminas, óleos essenciais e proteínas, que são muito importantes para o
organismo das pessoas. Sementes cruas e secas, depois de moídas e
peneiradas, formam um pó que pode ser misturado a alimentos como massas,
sopas, bolos, biscoitos e cuscuzes. O chá das sementes da melancia,
secas e trituradas, ajuda no tratamento da pressão alta. O suco, feito
com a polpa da melancia, é muito bom, pois elimina o ácido úrico,
causador da gota e impede a formação de pedras nos rins; limpa o
estômago e os intestinos; ajuda a controlar a pressão alta; diminui a
acidez do estômago, conhecida como queima ou azia; ajuda no tratamento
da inflamação das vias urinárias; elimina gases e dores intestinais;
ajuda no tratamento da bronquite crônica; ajuda no tratamento do
reumatismo e da artrite (inflamação nas articulações ou juntas). Para
tratar a erisipela (inflamação aguda da pele), deve-se aplicar suco da
polpa e da casca da melancia sobre a parte afetada, como cataplasma. A
hortaliça ainda permite exercitar a criatividade, conforme pode ser
visto nas Figuras 2 e 3.

Figura 2.
Arte culinária, utilizando a melancia
Figura 3. Arte culinária, utilizando a melancia
Cultivo: A melancia, como todas as espécies que pertencem a família das cucurbitáceas, não gosta do clima frio,
por isso produz melhor no calor e com bastante luz. Agosto e setembro
são os meses aconselhados para o plantio no litoral; o ideal é observar a
temperatura da região, pois a semente não germina em temperatura
inferior a 18ºC. Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a
produção de mudas em copinhos de papel (ver na matéria "Cultivo orgânico
de hortaliças-frutos: parte I" como fazer) ou bandejas de isopor,
utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidas em abrigo. Este
sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do
estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas
espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio
excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois
as mudas estão protegidas.. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o
desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva,
deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas
quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e, no máximo no
início de surgimento da terceira folha verdadeira. A melancia, embora
possa ser produzida em vários tipos de solos, desenvolve-se melhor em
solos de textura média, arenosos, profundos, bem drenados e férteis.
Deve-se evitar os solos argilosos por serem muito compactados,
principalmente nas épocas de seca. Preparo do solo:
No Rio Grande do Sul, a melancia é cultivada em solos arenosos, onde o
sistema de preparo convencional com aração e gradagens, é o mais usado. O
preparo convencional do solo favorece a perda de umidade, tendo em
vista que a cultura da melancia não forma um dossel vegetativo capaz de
cobrir inteiramente o solo. O solo deve ser preparado com cerca de 2
meses de antecedência com uma aração (apenas superficial) e gradeação,
deixando-se alguns torrões de terra para dar sustentação à planta. Em
área com boa topografia, deve-se fazer sulcos em duas direções,
formando um xadrez; já em terrenos acidentados recomenda-se fazer os
sulcos em apenas uma direção, evitando-se, assim, a erosão. O sistema de
Plantio Direto ou Semeadura Direta que consiste na manutenção da palha e
restos vegetais sobre a superfície do solo, também é recomendado no
cultivo de melancia; neste caso, a mobilização do solo ocorre apenas no
sulco onde são distribuídas as sementes ou mudas e o adubo orgânico. No
Rio Grande do Sul, a principal espécie usada como planta de cobertura no
período de inverno é a aveia-preta, devido as seguintes
características: rusticidade, a capacidade de perfilhamento, a
resistência às pragas e doenças, rapidez na formação da cobertura do
solo e a elevada produção de fitomassa, mesmo nos solos pobres em
fertilidade, bem como a tolerância à seca, em vista do sistema radicular
bastante desenvolvido, eficiência na ciclagem de nutrientes, baixa taxa
de decomposição dos resíduos e o elevado efeito alelopático sobre
muitas invasoras. Cultivares e híbridos:
Os cultivos comerciais de melancia no Brasil são com
cultivares de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às
nossas condições edafoclimáticas. No entanto, deve-se considerar que
entre estas, a mais plantada é a cultivar Crimson Sweet e tipos
semelhantes, que é de origem americana, respondendo praticamente por
mais de 90% do fornecimento ao mercado consumidor. A indústria de
sementes tem, nos últimos anos, se dedicado ao desenvolvimento de
híbridos de melancia, por causa do seu maior retorno comercial aos
programas de melhoramento, o que pode ser verificado pelo grande número
de cultivares lançadas em todo o mundo tais como: Jetstream, Madera,
Starbrite, TopGun entre outros. Os híbridos, cujas sementes são mais
caras, geralmente possuem maior precocidade, produtividade e maior
uniformidade. Mais recentemente, estão surgindo as melancias sem
sementes como os híbridos Tiffany e Shadow; o alto custo das sementes é
um fator limitante. Embora
os híbridos sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimson Sweet
pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante,
conforme resultados de pesquisa obtido pela Epagri/Estação Experimental
de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara. Os frutos da
cultivar Crimson Sweet tem formato arredondado, casca clara com estrias
verde-escuro, polpa vermelho intenso muito doce, sendo os frutos de
tamanhos médio e grande. Espaçamento: As
covas devem ter no máximo 3 cm de profundidade, no espaçamento de 2 x 2
metros para as variedades japonesas e, de 2 x 2,5 ou 2,5 x 3 metros
para as variedades americanas. Após lançar as sementes, deve-se cobrir
com terra e cerca de 30 dias depois do plantio, realizar o desbaste,
onde as mudas mais fracas são retiradas, ficando somente as vigorosas. O
desbaste é feito no sistema de plantio com sementes, quando as plantas
apresentarem três a quatro folhas definitivas - entre 10 e 15 dias após o
plantio, de acordo com desenvolvimento das mesmas; é realizado
eliminando-se as plantas mais raquíticas e mantendo-se o número de
plantas por cova pré-estabelecido, de acordo com o espaçamento e a
finalidade da produção de frutos. A eliminação das plantas excedentes
deve ser feita, preferencialmente, por meio de corte com facas, tesouras
ou canivetes. Caso se deseje fazer arranque manual, é preferível
fazê-lo logo após a irrigação, para não danificar as demais plantas, ou
após uma chuva, se o cultivo for de sequeiro. O desbaste deve ser
realizado também com os frutos, para uma boa colheita, ficando somente
aqueles mais desenvolvidos (dois por rama). As ramas da melancia crescem
arrastando-se pelo solo e procuram os torrões de terra para fixarem-se;
é comum ficarem enroscadas umas nas outras. O produtor deve observar e
ajudar a planta a se esparramar de maneira uniforme, desembaraçando, sem
feri-la. Condução das ramas ou penteamento:
Essa prática consiste no afastamento das ramas para fora
dos sulcos de irrigação e das faixas do terreno reservados ao trânsito.
Esta operação deve ser feita até três vezes antes da frutificação. Além
de facilitar as capinas, as pulverizações e a colheita, evita o
apodrecimento dos frutos causado pelo contato com água ou por danos
mecânicos. O penteamento, após a frutificação, deve ser evitado, pois
pode causar o seu desprendimento. É importante planejar o plantio de
maneira que a direção dos ventos facilite o posicionamento das ramas de
melancia, evitando-se, assim, o desgaste das plantas por sucessivas
operações de penteamento ou movimentação pelos ventos. Polinização: As
flores masculinas e femininas de melancia localizam-se separadamente na
mesma planta. Cada flor permanece aberta por apenas 1 dia; a abertura
ocorre 1 a 2 horas após o aparecimento do sol e, o fechamento, à tarde.
As abelhas são os principais agentes polinizadores em melancia, que é
uma espécie alógama. A polinização das flores no dia da antese,
normalmente, ocorre pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de
florescimento é fundamental para aumentar a frutificação e a
produtividade, melhorando a qualidade dos mesmos e reduzindo o número de
frutos defeituosos. Desbaste de frutos: devem
ser eliminados todos os frutos defeituosos e com podridão estilar
(fundo preto) pois, além de as plantas direcionarem energia para frutos
que não serão comercializados, a presença dos mesmos inibirá o pegamento
de outros frutos de qualidade na planta. Proteção da parte inferior e posicionamento na vertical dos frutos: Recomenda-se
evitar o contato direto dos frutos com o solo, principalmente em épocas
chuvosas. Os frutos devem ser calçados com palha de arroz, capim seco
ou similar evitando-se o apodrecimento de frutos e a mancha de encosto, o
que melhora a cotação do produto no mercado. Outra prática utilizada
para melhorar o formato e a qualidade do fruto é colocá-lo na posição
vertical — a região apical do fruto voltada para o solo, quando estiver
com aproximadamente 20 dias após a polinização das flores. Com esta
prática, a mancha de encosto ficará mais discreta, dando uma melhor
aparência ao fruto. Rotação de culturas:
Depois da colheita, deve-se plantar outra cultura de
espécie e família diferentes da melancia, não sendo indicados plantios
de melão, abóbora, chuchu, moranga ou pepino na mesma área. O plantio
sucessivo de plantas da mesma família na mesma área favorece o ataque de
pragas e doenças e, consequentemente, diminui a produção e a qualidade
dos frutos. O coquetel vegetal é a mistura de diferentes espécies,
normalmente leguminosas e gramíneas, cultivadas antes da espécie a ser
plantada ou entre as linhas da cultura principal. Sua utilização tem
importância por melhorar a diversidade de espécies na área reduzindo as
pressões dos patógenos oportunistas que se encontram no local. Além
disso, o uso do coquetel vegetal, principalmente com leguminosas,
permite a fixação de nitrogênio no solo e transporte de nutrientes de
camadas inferiores para camadas superiores, pela ação dos diferentes
sistemas radiculares presentes, melhorando química, física e
biologicamente o solo da área. Se o produtor optar por incorporar o
coquetel visando à fertilização adicional do solo - leguminosas, é
importante fazê-lo com um mínimo de antecedência de 50 dias da data
prevista para o plantio da melancia. Caso seja para formar uma densa
camada de cobertura morta com gramíneas-, o corte das plantas poderá ser
feito próximo ao plantio da melancia, tomando-se o cuidado de fornecer
nitrogênio suficiente nas covas, na forma de compostos orgânicos, torta
de mamona, biofertilizantes, etc., evitando-se uma competição com as
bactérias decompositoras, que atuarão sobre a palhada. Cobertura morta: Espécies
de gramíneas possuem baixa velocidade de decomposição da parte aérea e,
apesar de suas raízes ocuparem o espaço mais superficial do solo, a
parte aérea se mantém por mais tempo sobre o mesmo, formando cobertura
morta (mulch), muito recomendado em regiões quentes e secas como no
Semiárido nordestino. Também contribuirá no manejo de plantas
espontâneas e evitará a formação da mancha de encosto dos frutos. Manejo de doenças e pragas da melancia: Além das recomendações relacionadas na matéria postada no dia 31/10/2012 "Cultivo orgânico de hortaliças frutos - Parte I", outras
práticas culturais são importantes, entre as medidas gerais no manejo
de doenças e pragas da melancia: a) escolher a área de plantio não
contaminada por doenças do solo e fazer rotação de culturas por 3 anos;
b) evitar o plantio próximo à áreas cultivadas com melancia e outras
espécies da família das cucurbitáceas; c) plantio de sementes ou mudas
produzidas por empresas idôneas; d) adubar corretamente, de acordo com a
análise do solo e do adubo orgânico, pois as plantas bem nutridas são
mais resistentes às pragas e doenças; e) irrigar de forma correta,
evitando o excesso de água o solo, pois favorece às doenças; f)
controlar os insetos que provocam ferimentos nas plantas, servindo de
porta de entrada para as doenças (bactérias, fungos e viroses); g)
eliminar os frutos e plantas doentes da área para evitar a transmissão
para as plantas sadias e h) eliminar os restos culturais após a última
colheita.
Colheita: A
colheita é feita cerca de 100 dias após plantio Quando as flores
abrirem, elas indicam que aproximadamente 40 a 45 dias, os frutos
estarão no ponto para serem colhidos. Mas há outros meios que
identificam os frutos maduros: a) Ao bater com dedos no fruto e este
emitir um som oco, está maduro (som metálico, ainda está verde); b) O
fruto fica pálido e a casca está mais resistente a pressões; c) A
gavinha próxima ao pendúnculo fica seca; d) A parte da casca que fica em
contato com o solo, que antes era branca, fica amarelada. Colher os
frutos maduros nas primeiras horas do dia, cortando o pendúnculo com uma
faca afiada, à cerca de 5 cm da fruta, para evitar a penetração de
fungos que apodrecem a melancia durante a armazenagem. Devem ser
armazenadas deitadas, nunca em pé, e como não são colocadas em caixas,
todo o cuidado é necessário ao transportá-las. No caminhão,
a carroceria deve ficar forrada com 10 cm de capim seco, e as bordas
protegidas. Também entre uma camada e outra, é recomendado proteger os
frutos com palha ou saco de estopa. Não se aproveita os frutos rachados
ou cortados durante o transporte. Fora da geladeira, a melancia se
conserva bem durante uma semana, se guardada em lugar fresco e arejado.
Depois de cortada, deve ser conservada na geladeira, envolvida em
plástico ou papel alumínio, para evitar que absorva o odor de outros
alimentos.
Melão
Embora conhecido e comercializado como fruta, o melão (Cucumis melo
L.) é uma hortaliça-fruto, assim como a melancia e o morango. Assim
como a melancia, pertence à família Cucurbitaceae, a mesma do chuchu,
abóbora, moranga, melancia e pepino. De folhas grandes e flores
amarelas, suas plantas são rasteiras e se desenvolvem bem em locais com
insolação, dias longos, ar seco e sem ventos fortes. É uma
hortaliça-fruto originária da África e Ásia, cuja introdução no Brasil
foi feita por imigrantes europeus, tendo introduzido seu cultivo em
meados da década de 60, no Rio Grande do Sul. Foi na Índia que ocorreu
sua dispersão, espalhando-se para todas as direções. Hoje encontramos
cultivares de melão em diversas regiões do mundo, desde os países
mediterrâneos, centro e leste da Ásia, sul e centro da América e também o
centro e sul da África. Esta amplitude de regiões de cultivo é
conseqüência de uma grande variabilidade genética que tem permitido a
adaptação de diferentes tipos de melão em condições agronômicas
diversas, de tal maneira que hoje podemos encontrar em todos os mercados
do mundo, melão com diferentes cores, formato e aroma. Nas Américas, o
melão foi introduzido por intermédio de Cristóvão Colombo e a partir
dessa época, passou a ser utilizado pelos índios, sendo rapidamente
espalhado por todo o continente.

Figura 4. Hortaliça-fruto: melão, pertencente ao grupo inodoros (tipo amarelo), o mais cultivado no Brasil
Propriedades nutricionais e terapêuticas: O melão, assim como a melancia, é altamente nutritivo e refrescante. O
melão é rico em vitaminas A, B, B2, B5 e C, sais minerais como
potássio, sódio e fósforo, apresenta valor energético relativamente
baixo (20 a 62 kcal/100g de polpa); é consumido in natura ou na forma de
suco e como ingrediente de saladas com frutas ou outras hortaliças. O
fruto maduro tem propriedades medicinais, sendo considerado calmante,
refrescante, diurético e laxante. Ele é também recomendado para o controle de gota, reumatismo e problemas renais.
O melão, assim como a melancia, têm alto teor de biovlafonóides,
carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o
câncer e outras doenças. Embora a polpa de melão não contenha fibras
insolúveis, contém pectina, uma fibra solúvel que ajuda manter o nível
de colesterol no sangue sob controle.
Cultivo:
Desenvolve-se bem em lugares de clima quente e seco,
com alta luminosidade. Temperaturas elevadas associadas à alta
luminosidade, baixa umidade relativa e umidade do solo adequada,
proporcionam as condições climáticas necessárias para a boa
produtividade da cultura e para a obtenção de frutos de ótima qualidade
(aumenta o conteúdo de açúcares, melhora o aroma, o sabor e a
consistência dos frutos). A temperatura é o principal fator
climático que afeta diretamente o meloeiro. Ela influencia no teor de
açúcar (ºBrix), sabor, aroma e na consistência do fruto, fatores
importantes para a comercialização e principalmente a exportação. O
°brix é usado também como índice de classificação de melão de acordo com
seu teor de açúcar, sendo menor que 9 ºbrix considerado como não
comercializável, de 9 a 12 como comercializável, e acima de 12º brix
como melão extra. Em geral, nas regiões de clima frio, o plantio de
melão deve ser feito de outubro à fevereiro, enquanto que em clima
ameno, de agosto à março e no clima quente, durante o ano todo,
evitando-se as épocas de chuvas intensas. A temperatura ideal para o bom
desenvolvimento do melão varia de 20 a 30º C. Sob baixas temperaturas
(15 à 20ºC), a ramificação do meloeiro é afetada resultando em plantas
pouco desenvolvidas e baixas produtividade. Em temperatura elevada acima
de 35ºC, estimula a formação de flores masculinas, e especialmente
quando acompanhada por ventos fortes, pode ocorrer ruptura da casca dos
frutos nos pontos mais fracos. Em temperaturas abaixo de 12ºC, o
crescimento vegetativo é paralisado. O meloeiro não tolera ventos frios
e geadas. A combinação de alta temperatura com alta luminosidade e
baixa umidade relativa favorece ao estabelecimento do meloeiro e ao
aumento de produtividade com maior número de frutos de qualidade
comercial. A faixa ótima de umidade relativa do ar para o
desenvolvimento do meloeiro situa-se de 65% a 75%. Em condições de
umidade do ar elevada promovem a formação de frutos de má qualidade e
propiciam a disseminação de doenças na cultura. Os melões produzidos
nessas condições são pequenos e de sabor inferior, geralmente com baixo
teor de açúcares, devido à ocorrência de doenças. O melão prefere solos
férteis de textura média (franco-arenoso ou areno-argilosos), soltos,
profundos (80 cm ou mais) e bem drenados. Cultivares:
Dentre as variedades de melão existem seis tipos que são cultivados no
Brasil em escala comercial. No Brasil, planta-se principalmente
cultivares de melão do grupo Inodorus, tipo "amarelo"; entretanto, há
uma tendência de mercado no aumento da demanda por melões do grupo
Cantalupensis, aromáticos, com bom sabor e maior teor de açúcar (°Brix).
Os melões do tipo "Pele de Sapo", "Gália" e "Charentais", são os
preferidos do mercado europeu. Tipo Amarelo: Pertence ao grupo
dos inodorus e é também conhecido como melão espanhol; tem casca amarela
e polpa variando de branca a creme e os frutos apresentam formato
redondo ovalado e são os mais resistentes ao manuseio. Pele de sapo:
Pertence ao grupo dos inodorus. recebeu este nome pela coloração de sua
casca; verde-clara com manchas verde-escuras, levemente enrugada e
dura, com polpa creme esverdeada. Dentre os melões comercializados, é o
tipo de maior tamanho.
As principais cultivares estão descritas a seguir. AF-682
– cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa tolerância ao vírus do
mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e raça 1 de oídio; os
frutos tem formato elíptico, casca amarelada levemente enrugada,
cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de 1,5 kg, sabor
extremamente doce e precocidade de colheita em torno de 75 dias após a
semeadura. AF-646 - cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa
tolerância ao vírus do mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e
raça 1 de oídio; os frutos tem formato elíptico, casca amarelada
levemente enrugada, cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de
1,4 kg, sabor extremamente doce e precocidade de colheita. Gold Mine
– Cultivar híbrido tipo "amarelo", muito produtivo, tendo apresentado
boa tolerância em campo às raças 1 e 2 de oídio, 0, 1 e 2 de fusarium e
míldio; os frutos tem formato redondo-ovalado, de cor amarelo-dourada,
casca levemente enrugada, muito firme, polpa creme-esverdeada, grossa,
crocante e doce, teor de açúcar médio de 10 °Brix, pequena cavidade de
sementes e peso variando de 1,5 a 2,0 kg. A colheita precoce ocorre, em
geral, aos 60-65 dias do plantio. Tendency – Cultivar híbrido
tipo pele de sapo recém lançada, plantas vigorosas e abundante cobertura
foliar que protege os frutos de queimaduras causadas pelo sol, além de
alta produtividade; apresenta alta qualidade de frutos, sendo o formato
redondo/ovalado,
peso médio de 1,3 kg, casca
enrugada, coloração verde com manchas verde-escuras e amarelas, polpa
espessa e crocante de coloração creme-verde-clara, pequena cavidade de
sementes, excelente sabor e alto ºbrix com precocidade de colheita aos
55-60 dias. Honeydew – Cultivar de polinização aberta
(andromonóica), boa conservação pós-colheita, recomendada para o mercado
de exportação dos Estados Unidos, principalmente; colheita tardia entre
70 e 80 dias, produzindo frutos sem odor, casca bem lisa de coloração
branco-creme brilhante, formato globular, peso médio de 1,5 kg, polpa
esverdeada, suculenta, de textura fina e doce. Uma característica do
tipo honeydew é que o fruto não se destaca da rama como em outros tipos
necessitando o corte com tesoura. Hy-Mark – Cultivar híbrido,
tipo Cantalupensis, muito produtivo, com alto pegamento de frutos; os
frutos de formato levemente ovalado/arredondado, peso entre 1,4-1,5 kg,
com casca reticulada, sem suturas e polpa de cor salmão muito forte,
pequena cavidade de sementes, sabor muito doce e muito aromático.
Altamente resistente a oídio raça 1 e tolerante a aplicação de enxofre. A
maturação ocorre aos 62-67 dias, aproximadamente, acompanhada do início
de desprendimento do pedúnculo. Adubação e correção do solo:
de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico; o melão é muito
exigente na correção da acidez do solo, comportando-se melhor quando o
pH estiver entre 6,0 e 7,5. O preparo do solo
deve constar de uma aração média, em torno de 30 cm de profundidade, e
uma gradagem feita no sentido perpendicular. Deve-se evitar o
destorroamento excessivo do solo, deixando-se os torrões que servem para
fixação das gavinhas e, ainda, reduzem a área de contato do fruto com a
superfície do solo, diminuindo, portanto, a formação da "mancha de
encosto". Esta mancha, quando acentuada, deprecia a qualidade comercial
do melão. Outra opção que tem a vantagem de diminuir a infestação das
plantas espontâneas, cobrir o solo , melhorar a fertilidade do solo e
ainda manter a umidade do solo é o consórcio com adubos verdes (ver as
recomendações no cultivo da melancia e também a matéria "Cultivo
orgânico de hortaliças-frutos: Parte I). Os frutos não devem ficar em
contato com o solo, meio que facilita o ataque de pragas e doenças, além
de manchas brancas, que também podem surgir na casca do melão, por
isso, o consórcio com adubos verdes é recomendável. Espaçamento e plantio: em
pequenas áreas, as medidas para a cultura do melão são de 2 metros
entre fileiras e de 0,3 a 0,5 m entre plantas (10.000 a 16.666
plantas/ha). Os produtores que cultivam áreas extensas, com alto nível
de tecnologia, têm adotado espaçamento de 2,0 a 3,0 metros entre
fileiras e de 0,12 a 0,50 metro dentro das fileiras (duas a oito
plantas/m linear), deixando, normalmente, uma planta por cova.
Assim como a melancia, o melão
normalmente é semeado diretamente nas covas. No entanto, devido ao preço
das sementes híbridas e também aos maiores cuidados e mão-de-obra
necessárias neste sistema de plantio, cada vez mais tem sido preferido a
produção de mudas em recipientes (bandejas de isopor, tubetes, copinhos
de papel) protegidas por abrigos, para posterior transplante (ver na
matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer as
mudas). É necessário ter cuidado para não passar do momento exato do
transplantio, que não deve exceder o período da emissão da primeira
folha definitiva (15 dias após semeadura). Para a semeadura direta é
necessário 1 a 1,5 kg/ha de sementes. Irrigação:
gotejamento é o sistema mais utilizado no cultivo do meloeiro nas
principais regiões produtoras; consiste na aplicação de água através de
gotas próximas às raízes das plantas. As vantagens do sistema de
gotejamento são a economia de água, mão-de-obra e alta eficiência. A
desvantagem é o alto custo de instalação em relação aos outros sistemas,
como também, possíveis problemas de entupimento dos gotejadores. O
cultivo de melão necessita ser irrigado com frequência, mas deve ser
feito até três dias antes da colheita para aumentar os açúcares nos
frutos. Polinização: As
flores masculinas e femininas localizam-se separadamente na mesma
planta. Cada flor permanece aberta apenas por um dia. A abertura ocorre
de uma a duas horas após o aparecimento do sol e o fechamento, à tarde. A
polinização é realizada por abelhas, normalmente pela manhã. A presença
de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para o
pegamento dos frutos e conseqüentemente aumento da produtividade e para
diminuir o número de frutos defeituosos. Estresses hídricos e problemas
de polinização são as principais causas de frutos mal formados.
Poda:
Diante de resultados de pesquisa realizada pela Embrapa Semi-Árido, não
recomenda-se fazer a prática da poda, tendo como desvantagens a
elevação dos custos de produção, além de facilitar a disseminação do
vírus (PRSV-w) durante a operação da poda, não sendo observado aumento
da produtividade de frutos.
A operação de raleio, desbaste ou raleamento de frutos
é uma prática efetuada com a finalidade de melhorar o tamanho e a
qualidade dos frutos produzidos. Recomenda-se a eliminação dos frutos
mal formados o mais cedo possível (o tamanho máximo é quando o fruto
está do tamanho de uma bola de tênis). Outras causas são em decorrência
de pragas, doenças, formato ou cicatriz estilar grande.
O manejo de plantas espontâneas
pode ser feito através de cultivos mecânicos ou a tração animal entre
linhas e manualmente (enxada) entre as plantas, tantas vezes quantas
forem necessárias para manter a cultura sem a competição das plantas
espontâneas. Com o desenvolvimento das plantas, as capinas devem ser
manuais (enxada) e localizadas, para evitar o manuseio das ramas. O
sistema de plantio de melão consorciado com adubos verdes, evita a
infestação de plantas espontâneas, além de outras vantagens. Calçamento dos frutos
é uma prática comum no interior de São Paulo. Consiste em calçar o
fruto com dois pedaços de bambu, palha ou capim seco, para não haver o
contato direto dos frutos com o solo, evitando o apodrecimento dos
mesmos (principalmente na época chuvosa, na fase próxima à colheita), em
decorrência de pragas, tais como broca das hastes e broca das
cucurbitáceas. Essa prática reduz, também, a mancha de encosto. O
calçamento dos frutos seria ideal, porém, torna-se impraticável quando
se cultiva áreas extensas. Manejo de doenças e pragas do melão:
em geral, as recomendações para a melancia também vale para o melão;
ver na matéria postada anteriormente "Cultivo orgânico de
hortaliças-frutos: Parte I", o manejo de algumas pragas e doenças com
produtos alternativos que não comprometem o meio ambiente.
Rotação de culturas: seguir as mesmas recomendações da cultura da melancia.
Colheita: O
ideal, considerando-se o aspecto do teor de açúcares e sabor, é a
colheita de frutos completamente maduros. Entretanto, neste estágio, os
frutos são recomendáveis apenas para a comercialização em mercados
locais.
Como o melão não contém amido (que é convertido em
açúcar), ele não continua a amadurecer após ser colhido; portanto, o
melão colhido antes de estar totalmente maduro nunca atinge o seu melhor
sabor. Para selecionar um melão maduro, procure na área do talo uma
cicatriz lisa e ligeiramente funda. Se houver esta marca quer dizer que o
melão está maduro, sendo arrancado facilmente do pé. No entanto, se
parte da haste ainda estiver presa à cicatriz, o melão foi colhido
enquanto ainda estava verde. Para exportação, os melões do tipo
"amarelo" podem ser colhidos quando iniciarem a mudança de coloração,
ocasião em que deverão apresentar brix de aproximadamente 10º. Após a
colheita, deve-se evitar pancadas e danos nos frutos, que depreciam a
qualidade comercial e reduzem o período de conservação. Os frutos são
colhidos manualmente, com auxílio de uma faca. Normalmente, os melões do
grupo Inodorus (amarelos) tem uma maior conservação que os do grupo
Cantalupensis (tipo reticulado).
Postado do blog " Cultivo Orgânico de Hortaliças".